Venda da Avibras para grupo australiano gera polêmica sobre soberania nacional e capacidade de defesa do Brasil

O anúncio da negociação de venda da Avibras Indústria Aeroespacial para o grupo australiano Defendtex tem gerado polêmica entre sindicatos e especialistas. A empresa brasileira, que atua na produção de produtos e serviços de defesa, encontra-se em situação de recuperação judicial e enfrenta problemas financeiros, como o atraso no pagamento de salários há mais de um ano.

A Avibras, com mais de 60 anos de história, é considerada uma das principais empresas da indústria de defesa do Brasil. A confirmação do negócio com a empresa australiana foi recebida com críticas, principalmente pelo presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos, Weller Gonçalves, que classificou a operação como um “crime de lesa-pátria” e defendeu a estatização da indústria.

Segundo Gonçalves, a Avibras é uma empresa estratégica para a defesa nacional, fabricando produtos essenciais para o Estado brasileiro. Ele argumenta que em caso de conflitos ou guerras, o país dependeria de uma empresa como a Avibras e que a transferência do controle para o exterior comprometeria a soberania nacional.

A Central Única dos Trabalhadores (CUT) também se posicionou contra a venda, defendendo a manutenção do capital nacional na empresa. O presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT, Loricardo de Oliveira, destacou a importância de manter a produção no Brasil, com tecnologia nacional, para fortalecer a indústria nacional e os esforços de reindustrialização do país.

Especialistas em defesa alertam para os riscos da dependência externa na aquisição de material bélico, enfatizando que a venda da Avibras para uma empresa estrangeira pode fragilizar a soberania do país. O governo brasileiro ainda não se manifestou oficialmente sobre o assunto.

Diante desse cenário, o controle operário dos trabalhadores da Avibras assume um papel importante, com decisões coletivas sendo tomadas para garantir a continuidade das operações e proteger os interesses dos funcionários. A negociação da empresa com o grupo australiano levanta questões sobre a preservação da indústria nacional de defesa e a manutenção da soberania do país diante de interesses estrangeiros.

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