Número recorde de conflitos no campo afeta mais de 950 mil pessoas no Brasil em 2023, aponta relatório da CPT.

Em uma recente publicação da Comissão Pastoral da Terra (CPT), foi divulgado que o Brasil registrou um número recorde de 2.203 conflitos no campo em 2023. Esses conflitos afetaram a vida de 950.847 pessoas, sendo as regiões Norte e Nordeste as que mais concentraram ocorrências, com 810 e 665 respectivamente. Já o Centro-Oeste teve 353 conflitos, o Sudeste 207 e o Sul 168.

Segundo o relatório, a área em disputa diminuiu em 26,8% em relação ao ano anterior, abrangendo agora cerca de 59,4 mil hectares. A maior parte desses conflitos teve a terra como principal motivo, sendo 1.724 disputas por terra, o que corresponde a 78,2% do total de ocorrências. Além disso, houve 225 conflitos relacionados à água e 251 casos de trabalho escravo contemporâneo na zona rural.

Os conflitos por terra resultaram em violência contra a ocupação e a posse, com 1.588 casos ligados a essas agressões. Em relação à violência, a pistolagem foi o segundo tipo mais comum, com 264 casos registrados em 2023. Os principais agentes causadores da violência foram fazendeiros, empresários e governos federal e estaduais.

A aprovação da tese do marco temporal no Congresso Nacional foi mencionada no relatório da CPT como um fator que contribui para a violência no campo. Essa tese estabelece que os povos originários só têm direito aos territórios que ocupavam até 1988, o que limita seus direitos territoriais.

A situação atual preocupa organizações como a CPT, que destacam a falta de políticas efetivas do governo para resolver os conflitos no campo. O aumento da violência e a fragilização dos indígenas são questões urgentes que precisam ser abordadas.

Diante desse cenário, o governo federal anunciou a compra das primeiras vinte propriedades para reforma agrária pelo programa Terra da Gente. Essa iniciativa visa agilizar a distribuição de terras e garantir a segurança e dignidade das pessoas que vivem no campo. No entanto, ainda há críticas sobre a falta de retorno das autoridades responsáveis diante das denúncias feitas no relatório da CPT.

É essencial que as questões relacionadas aos conflitos no campo sejam enfrentadas com políticas públicas eficazes e diálogo com as comunidades afetadas. A violência e a insegurança no campo não podem ser toleradas, e é fundamental que medidas concretas sejam adotadas para garantir a paz e o respeito aos direitos humanos nessas regiões.

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