A Transformação dos Navios Negreiros: Marcus Rediker revela o impacto da viagem marítima na formação do mundo moderno

O historiador Marcus Rediker, em seus diversos ensaios, aborda a transformação ocorrida nas viagens dos navios negreiros, que afetou tanto os marinheiros quanto os escravos. Ao longo de suas pesquisas, Rediker busca explorar as mudanças sociais e culturais que ocorreram no mar e como elas influenciaram o mundo. Seus livros, como “A hidra da revolução”, “Entre o dever e o motim”, “Navio de escravos” e “Vilões de todas as nações”, são uma introdução à história universal, abordando o trabalho, a vida e a morte nos oceanos.

Rediker explica que a abordagem da história vista de baixo coloca os trabalhadores comuns como protagonistas dos estudos históricos. Diferentemente dos livros de história convencionais, que se concentram nos grandes líderes e nas elites, essa abordagem busca resgatar a voz e a importância dos trabalhadores no desenvolvimento histórico. É uma perspectiva mais democrática e inclusiva, que mostra como esses trabalhadores moldaram a história e resistiram às injustiças.

Para pesquisar a história a partir de baixo, Rediker destaca a importância de utilizar documentos produzidos pelas elites e interpretá-los de forma contrária, buscando revelar segredos e informações ocultas. Além disso, é possível recorrer aos registros legais, que muitas vezes mostram a perspectiva dos pobres, que estão frequentemente do lado errado da lei.

No livro “A hidra da revolução”, Rediker e Peter Linebaugh contam a história das origens do capitalismo sob a perspectiva dos pobres. Eles mostram como os trabalhadores, como marinheiros, escravos, plebeus e outros, foram fundamentais na construção do capitalismo e como resistiram às imposições das elites. Essas histórias têm o intuito de incluir a resistência na narrativa histórica e mostrar como os trabalhadores moldaram o curso da história.

A escolha da hidra como figura central do livro é significativa. Enquanto as elites se viam como Hércules, lutando para construir um novo sistema econômico, a hidra representa os grupos considerados perigosos e indesejados pelo poder. Os africanos escravizados são vistos como a cabeça central da hidra, pois seu trabalho impulsionou a economia capitalista. Os marinheiros representam outra cabeça importante, conectando as lutas de outros trabalhadores. Os plebeus, os servos temporários e as mulheres trabalhadoras também são destacados como partes essenciais da hidra.

Rediker afirma que os navios negreiros foram fundamentais para a formação do mundo moderno. Estudos recentes mostram que a escravidão estava intrinsecamente ligada ao surgimento do capitalismo. Os lucros obtidos com o comércio de escravos impulsionaram a industrialização. Além disso, a violência da escravidão teve impactos culturais significativos, como na música negra ao redor do mundo.

Em suma, a abordagem da história vista de baixo, proposta por Marcus Rediker, busca resgatar a importância dos trabalhadores comuns na construção do mundo. Seus estudos destacam a resistência desses grupos e mostram como eles moldaram a trajetória histórica. Os navios negreiros são vistos como um ponto-chave nessa transformação, que influenciou não apenas o desenvolvimento econômico, mas também as relações sociais e a cultura.

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