Acordo histórico em Barbados define regras eleitorais para 2024 e busca reduzir tensão política na Venezuela


No mês de outubro, Barbados foi palco de um encontro histórico entre as delegações do governo e da oposição da Venezuela, que resultou na assinatura de um acordo que estabeleceu as regras eleitorais para 2024. O objetivo do tratado é diminuir a tensão política no país e promover o respeito pelos resultados das futuras eleições presidenciais.

A doutoranda em Relações Internacionais e pesquisadora do Observatório Político Sul-Americano (OPSA) da UERJ, Stephanie Braun Clemente, destacou a importância do acordo, ressaltando que, dadas as circunstâncias dos últimos anos, a ideia de um consenso desse tipo parecia utópica. Segundo ela, a assinatura do acordo de Barbados foi motivada principalmente pela pressão dos Estados Unidos.

No entanto, ela ressalta que a eficácia do acordo ainda não pode ser avaliada, uma vez que as principais pautas, como a realização de eleições livres e democráticas em 2024 e a suspensão das inelegibilidades que pesam sobre candidatos opositores, ainda não foram postas em prática.

Para a oposição, os diálogos representam uma tentativa de concorrer nas eleições de 2024, especialmente diante da inelegibilidade da candidata vencedora das primárias, Maria Corina Machado. A mudança de foco dos EUA em relação à Venezuela também motiva a busca por participação no pleito presidencial.

Essequibo: consenso, tensão e acordo

Paralelamente, o território do Essequibo foi um ponto de consenso entre governo e oposição. O referendo realizado no dia 3 de dezembro resultou em uma esmagadora vitória da opção “sim”, que ratificou o apoio dos eleitores à condução do governo sobre a controvérsia territorial. A defesa da soberania venezuelana sobre o território riquíssimo em petróleo se tornou um tema unificador para a sociedade civil venezuelana.

No entanto, a questão gerou tensões com a Guiana, que emitiu concessões à empresa Exxon Mobil para explorar reservas de petróleo no território. A Venezuela classifica esses contratos como ilegais, mas as dificuldades econômicas do país tornam incerta qualquer possível exploração conjunta da área.

As tensões se intensificaram com a participação de militares venezuelanos na campanha pelo referendo e com os exercícios militares realizados pelos EUA em conjunto com a Guiana no Essequibo. No entanto, os presidentes da Venezuela e da Guiana se comprometeram a não utilizar a força para resolver a disputa territorial.

Para o próximo ano, a resolução da disputa na fronteira entre Venezuela e Guiana deve dividir a atenção do governo Maduro com pautas internas, como a campanha presidencial e a manutenção dos alívios nas sanções internacionais.


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