Advogados que atuaram no Superior Tribunal Militar durante a ditadura darão depoimentos sobre o período em série de vídeos.

Advogados que atuaram no Superior Tribunal Militar (STM) durante a ditadura militar no Brasil, que teve duração de 1964 a 1985, estão compartilhando seus depoimentos sobre esse período em uma série de vídeos intitulada “A Defesa: Escavadores da Memória”. Essa iniciativa faz parte do projeto Voz Humana, liderado pelo advogado Fernando Fernandes, que busca analisar e divulgar áudios das sessões do STM ocorridas entre 1975 e 1979. Nas entrevistas, os advogados relembram suas defesas na época e refletem sobre o impacto do regime ditatorial no Brasil atual.

O primeiro entrevistado a ter seu depoimento divulgado será o advogado Belisário dos Santos Jr., que representou réus acusados de atividades terroristas. Durante sua entrevista, ele relembra os indivíduos que foram presos e frequentemente torturados pelos militares, além de detalhar situações envolvendo membros das famílias e ministros do STM.

Além de Belisário dos Santos Jr., outros advogados serão entrevistados, incluindo José Carlos Dias, Luiz Eduardo Greenhalgh e Antonio Claudio Mariz de Oliveira. No total, serão 12 advogados compartilhando suas experiências, revelando detalhes que até então não haviam sido divulgados publicamente.

Fernando Fernandes, idealizador do projeto, afirma que a intenção é cuidar do presente e olhar para o futuro. Ele pretende também gravar depoimentos de familiares de desaparecidos políticos e pessoas perseguidas durante o período de ditadura militar.

A recuperação e preservação da memória histórica, desde a catalogação dos processos até os relatos de testemunhas, são fundamentais para a construção de uma sociedade que rejeita qualquer forma de ditadura e valoriza a democracia, ressalta Fernandes.

Há mais de 20 anos, o advogado luta na justiça para obter acesso às gravações das sessões do STM. Ele e um grupo de pesquisadores já tiveram acesso a aproximadamente 10 mil horas de registros em áudio. No ano passado, parte desses áudios foi revelada pelo professor de história Carlos Fico, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com quem Fernandes compartilhou o conteúdo.

Fernandes solicitou ao STM acesso às gravações, mas inicialmente seu pedido foi negado. Ele recorreu então ao Supremo Tribunal Federal (STF), que determinou a liberação do conteúdo em 2006. No entanto, essa decisão não foi cumprida imediatamente pelo STM.

Somente em 2017, a abertura dos arquivos sonoros contendo julgamentos de presos políticos e militares durante a ditadura foi determinada pelo plenário do STF. No entanto, neste ano, Fernandes e sua equipe identificaram suspeitas de que faltam gravações durante o processo de fichamento e transcrição dos processos.

Em abril do ano passado, quando os primeiros trechos dos áudios foram divulgados, o então presidente do STM, general Luís Carlos Gomes Mattos, ironizou o teor das gravações, ignorando as notícias e minimizando seu impacto.

Por fim, destaca-se que a cantora Assucena realizou um pocket show com a participação do músico Rafael Acerbi na casa de Ricardo Levisky, empresário paulistano, na noite de quarta-feira (27), em São Paulo. Durante o evento, Assucena apresentou canções do seu novo álbum, intitulado “Lusco Fusco”. A secretária municipal de Cultura de São Paulo, Aline Torres, também esteve presente no evento.

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