Apollo Go: a experiência assustadora de andar em um carro autônomo na China e os desafios da tecnologia de ponta.

Um dia comum em Pequim, uma das inúmeras cidades inteligentes da China. A cidade de 21,5 milhões de habitantes é um marco do avanço tecnológico e palco de uma acirrada disputa entre China e Estados Unidos pela supremacia na área da inteligência artificial (IA). Em um cruzamento movimentado no subúrbio de Pequim, um carro autônomo da Apollo Go circula sem motorista, com um sistema de direção autônoma que pretende oferecer uma alternativa para o trânsito e mudar a forma como os chineses se locomovem.

A Apollo Go, empresa que opera os veículos, alega que já realizou mais de 4 milhões de viagens, todas sem causar acidentes. O serviço funciona em áreas de Pequim, Wuhan, Shenzhen e Chongqing sem presença humana e em outras seis cidades com um “operador de segurança” dentro do carro. O valor do serviço é semelhante ao do serviço premium do Uber Black, mas, para popularizar o serviço, a empresa oferece descontos de até 90%.

Uma das preocupações é garantir que a pessoa está entrando no carro certo, já que não há motorista para se comunicar. O táxi mostra os quatro últimos algarismos do número de celular de quem solicitou a corrida e só abre a porta quando o código enviado para o aparelho do cliente é digitado. Além disso, em uma tela, é possível acompanhar o trajeto e ver o que o carro autônomo “enxerga”: todos os veículos que o circundam, faixas e semáforos.

Os carros autônomos da Apollo Go usam o nível mais sofisticado de inteligência artificial (IA), o que exige chips avançados. Isso coloca a empresa no centro da disputa entre China e Estados Unidos, que envolve questões de segurança e controle tecnológico. As tecnologias empregadas pela Apollo Go, como a LiDAR, também têm usos militares e de controle, o que a ONU vem alertando para o perigo representado por essa tecnologia.

Pequim também é um grande centro de inovação e automação. A cidade é um símbolo do que está em jogo na guerra fria tecnológica entre China e Estados Unidos. A Huawei, líder em fornecimento de sistemas digitais, foi impactada pelas restrições dos Estados Unidos e a participação de mercado da empresa diminuiu significativamente. Outra importante empresa sediada em Pequim é a Tencent, que desenvolve tecnologias de ponta e opera o WeChat, um aplicativo de múltiplas funcionalidades que tem mais de 1,3 bilhão de usuários.

O WeChat oferece diversos serviços, desde mensagens até pagamentos, e coleta uma grande quantidade de dados, que são usados para diferentes propósitos. Além disso, Shenzhen é uma cidade que administra a chamada “economia de baixa altitude”, com mais de 3 milhões de voos de drones por ano para entrega de comida, remédio e até sangue para transfusão.

A tecnologia e inovação presentes em Pequim e em outras cidades chinesas revelam um país que está à frente em aspectos de automação, IA e uso de dados. Enquanto a disputa entre China e Estados Unidos continua, as consequências tecnológicas e econômicas dessa competição estão se tornando cada vez mais evidentes no cotidiano dos chineses.

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