Após o fim da novela “Terra e Paixão”, denúncias de trabalho infantil e condição degradante em fazenda da Fazenda Salto são reveladas.

A série de reportagens do De Olho nos Ruralistas revelou a extensa lista de violações ambientais e trabalhistas realizadas na Fazenda Salto, ligada ao Grupo Valor Commodities, onde a novela “Terra e Paixão” foi regitrada. A equipe de jornalistas teve acesso a documentos e depoimentos que evidenciaram as condições insalubres e o trabalho infantil encontrado no local.

De acordo com as investigações, a inspeção na Fazenda Salto, conduzida pelo Ministério Público do Trabalho, encontrou quinze trabalhadores em situação degradante, sendo oito menores de 18 anos e três paraguaios, configurações grave violação dos direitos trabalhistas. As condições de trabalho expostas foram consideradas precárias, com alojamentos desorganizados, falta de equipamentos adequados para o manejo de agrotóxicos, ausência de água, sabão e condições de higiene adequadas. Os trabalhadores viviam em barracos de lona e suas necessidades fisiológicas eram feitas em buracos ou no mato.

Além disso, os empregados recebiam salários baixos, entre R$50 e R$60 por dia para uma jornada de trabalho de até nove horas de segunda a sábado. O MPT constatou irregularidades, como a falta de depósito mensal do FGTS, e a falta de adequado contrato de trabalho.

O diretor da empresa Aurélio Rolim Rocha, ex-assessor da ministra Tereza Cristina, tem ligações políticas e dívidas milionárias de sua empresa com multinacionais, que pediram a penhora dos valores pagos pela Rede Globo para gravar na fazenda.

A representante responsável pela gestão da fazenda negou a responsabilidade pelas condições degradantes de trabalho e os desmatamentos na propriedade, atribuindo essas ações a outra parte. No entanto, de acordo com o relatório final do Inquérito Policial, ficou evidenciado que os gerentes e proprietários da fazenda sabiam dessas condições e ações. O MPF ofereceu denúncia, mas não incluiu os proprietários da Fazenda Salto entre os réus. O processo está em curso e aguarda resolução.

A série de reportagens evidenciou, ainda, uma série de irregularidades e descumprimento de leis trabalhistas e ambientais em outras propriedades da família Rocha, dona do Grupo Valor. O império de terras dos Rocha possui diversas fazendas em Mato Grosso do Sul e um megaprojeto de piscicultura.

Assim como propriedades da família Rocha em Nioaque (MS), também foram encontradas irregularidades em outras fazendas do grupo, apresentando desmatamento ilegal e exploração do trabalho rural. A família possui terras em outros estados, ampliando ainda mais a conexão com irregularidades trabalhistas e ambientais. As denúncias reveladas pelo De Olho nos Ruralistas foram fundamentais para desvendar as violações praticadas pelo grupo, tanto na Fazenda Salto, quanto em outras propriedades.

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