Após visita do vice-presidente dos EUA, China realiza exercícios militares em proximidade de Taiwan. Tensão aumenta na região.

A China iniciou no sábado (19) exercícios militares ao redor de Taiwan, como uma resposta à visita do vice-presidente William Lai aos Estados Unidos. Em comunicado, o comando do Exército de Libertação do Povo afirmou que as ações são um “aviso sério” contra as forças separatistas de independência de Taiwan.

A visita de Lai aos Estados Unidos ocorreu na segunda-feira (14) e despertou a ira de Pequim, que já havia prometido “ações contundentes”. O vice-presidente fez escalas oficiais no caminho de ida e volta ao Paraguai, onde acompanhou a posse do presidente eleito. Vale ressaltar que o Paraguai é o único país sul-americano que mantém relações com Taiwan, considerada pela China como um território rebelde.

Segundo o Exército de Libertação do Povo, as atividades militares ao redor da ilha incluem patrulhas e exercícios conjuntos navais e aéreos. O objetivo é testar as “capacidades de combate real” das forças, bem como a coordenação entre navios e aeronaves. Imagens divulgadas mostram a presença de caças e um contratorpedeiro naval.

Em resposta aos exercícios chineses, o Ministério da Defesa de Taiwan relatou que detectou a presença de 42 aeronaves chinesas e oito navios na região. Em contrapartida, enviou navios e aeronaves para responder à provocação. O ministério também destacou que 26 aeronaves chinesas cruzaram a linha média do Estreito de Taiwan, que serve como uma barreira não oficial entre as forças rivais há décadas.

Enquanto isso, o Conselho de Assuntos do Interior do governo de Taiwan instou Pequim a parar com as intimidações e iniciar negociações. O órgão destacou que o povo de Taiwan está determinado a se defender e nunca sucumbirá às ameaças. Além disso, ressaltou que Taiwan é um país soberano, com o direito legal e legítimo de conduzir interações diplomáticas normais.

As autoridades taiwanesas já haviam previsto que a China realizaria exercícios militares nesta semana, aproveitando a visita de Lai aos Estados Unidos para intimidar os eleitores antes das eleições presidenciais de janeiro. No entanto, a demonstração de força de Pequim foi consideravelmente menor do que a realizada em abril deste ano, quando as manobras simularam um “cerco total” à ilha, após uma visita da presidente Tsai Ing-wen aos Estados Unidos.

No contexto das tensões, o ministro das Relações Exteriores de Taiwan, Joseph Wu, criticou a China. Em uma postagem na plataforma X, ex-Twitter, Wu afirmou que a China quer moldar a eleição taiwanesa, mas que cabe ao povo de Taiwan decidir sobre seu futuro. Ele ainda ironizou a situação dizendo que a China deveria realizar suas próprias eleições, alegando que seu povo ficaria muito entusiasmado.

Os exercícios militares chineses também foram acompanhados por artigos da imprensa estatal condenando a visita de Lai. A agência oficial de notícias Xinhua, por exemplo, chamou o vice-presidente de mentiroso. Enquanto o Escritório de Trabalho de Taiwan do Partido Comunista da China acusou Lai de vender os interesses de Taiwan em busca de ganhos políticos desonestos.

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