No último sábado (16), a Ucrânia realizou mais um ataque de drones contra o parque industrial energético russo, atingindo a refinaria da estatal Rosneft em Sizran, localizada a 850 km a sudeste de Moscou. Apesar do incidente, o governo russo relatou que não houve feridos, porém a unidade foi tomada pelo fogo.
Outro ataque ocorreu na mesma região, Samara, contra a refinaria Novokubichevsk, porém as defesas aéreas locais conseguiram derrubar os aviões-robôs. A fronteira da Ucrânia se encontra a aproximadamente 800 km do local do incidente.
Com esse ataque, já são quatro refinarias atingidas somente nesta semana em meio à eleição presidencial russa. Desde o início do ano, sete plantas foram alvo de ataques com danos ainda não completamente quantificados.
Segundo relatos de funcionários em Sizran, a torre principal de refino da fábrica foi destruída, o que corresponde a comprometimento de 70% da capacidade da refinaria. Esta planta é responsável pela produção de 8 milhões de toneladas anuais de derivados de petróleo.
A indústria de petróleo e gás é peça fundamental na economia russa, e os ataques às refinarias têm como intuito afetar a moral dos consumidores e eleitores russos. Desde o início do ano, o preço dos combustíveis tem apresentado um aumento na parte europeia da Rússia, onde reside a maioria da população do país.
A situação se agravou ainda mais com a prisão de um homem de 61 anos que planejava um ataque terrorista em nome de Kiev contra o sistema ferroviário de Sverdlovsk, nos Urais, que faz divisa com a Rússia asiática.
A tensão não se restringe somente à questão energética, mas se estende também aos conflitos na região de Belgorod, que faz fronteira com a Ucrânia. No último sábado, dois indivíduos perderam suas vidas em um ataque com drone. Enquanto isso, do outro lado da fronteira, os ataques russos prosseguem em ritmo constante.
A ação ucraniana tem gerado um impacto psicológico significativo, porém, no campo de batalha, a situação favorece o Kremlin, com Kiev assumindo uma posição defensiva após tentativas fracassadas de romper as linhas russas no ano anterior.
Com menor apoio ocidental e estoques de munição em níveis críticos, analistas acreditam que a Rússia poderá aproveitar o verão do hemisfério norte para uma grande ofensiva, prevista para junho.
Vladimir Putin, que lidera com folga nas pesquisas de popularidade, acusa os ataques de drones de interferirem no processo eleitoral russo. O partido Rússia Unida, que apoia o Kremlin, relatou também ter sido alvo de hackers durante o sábado (16).
Além dos conflitos armados, as eleições russas têm sido marcadas por denúncias de fraudes. Em diversas localidades, vídeos têm circulado mostrando possíveis manipulações durante a votação. Em resposta, manifestações têm ocorrido, com eleitoras chegando a jogar tinta em urnas de votação.
Com um esquema de segurança reforçado, o processo eleitoral na Rússia segue acontecendo, apesar do clima de tensão. Muitos eleitores, assim como Putin, têm optado por votar por meio de aplicativo, em uma iniciativa testada em várias regiões do país.
