Azerbaijão exige dissolução de Nagorno-Karabakh e deixa a Armênia fraca e desprotegida em meio a tensões regionais

A Armênia está vivenciando um momento de fragilidade e desamparo diante da exigência do Azerbaijão, seu poderoso vizinho na região do Cáucaso, para a autodissolução da controversa república de Nagorno-Karabakh. Esse enclave, habitado por armênios étnicos, desperta temor de uma possível “limpeza étnica”, dada a memória histórica do genocídio cometido pelos otomanos contra os armênios em 1915, resultando na morte de pelo menos 800 mil civis.

Acredita-se que os armênios não esperavam que o território, com pouco mais de 800 km² e até então, há um mês, com 120 mil habitantes, buscasse a independência. No entanto, os armênios decidiram fugir para a Armênia assim que a crise se intensificou, temendo pela segurança de seus cidadãos. O enclave de Nagorno-Karabakh contava com a proteção de 2.000 soldados russos, mas o Kremlin reduziu esse contingente à metade devido ao conflito na Ucrânia.

Com a diminuição da influência russa na região, a Armênia busca se aproximar dos países ocidentais, como forma de proteção e defesa contra o Azerbaijão. No entanto, os Estados Unidos e a França possuem uma presença estratégica limitada no Cáucaso e são incapazes de oferecer um apoio efetivo.

A situação de Nagorno-Karabakh é complexa e envolve interesses de diversos países, como Turquia, Israel, Irã e Rússia. A Turquia, que agora desempenha um papel mais ativo na região, se opõe à aproximação de Israel com o Azerbaijão, que se tornou um obstáculo para o avanço do Irã.

A Rússia, por sua vez, sabe que não terá mais motivos para permanecer no enclave quando os armênios étnicos se retiram. Isso dá ao Kremlin poder de influenciar a Armênia, levando-o a buscar um substituto mais maleável para o atual primeiro-ministro do país, Nikol Pashinyan.

A crise de Nagorno-Karabakh teve início durante a Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York, evidenciando, mais uma vez, a ineficácia da organização em abordar questões internacionais relevantes. Enquanto o multilateralismo enfrenta desafios, as superpotências estão buscando soluções bilaterais para suas pautas diplomáticas, especialmente diante das tensões entre Estados Unidos e China.

Em resumo, a crise em Nagorno-Karabakh revela uma complexa rede de interesses geopolíticos, na qual os armênios e azerbaijanos estão longe de serem os únicos atores. Os ocidentais demonstram pouco conhecimento e interesse nessa região, que foi camuflada pelo monolitismo soviético no passado e agora assume um cenário plural e instável.

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