Bolsonaristas minimizam recente caso das joias, alegando perseguição, e já especulam sobre possível prisão no futuro.

No cenário político atual, a investigação da Polícia Federal sobre as joias e presentes recebidos por Jair Bolsonaro durante seu mandato tem sido alvo de críticas e acusações por parte de grupos de extrema direita. Para esses grupos, a investigação representa uma perseguição política ao ex-presidente. Mensagens compartilhadas em grupos de Telegram classificam a investigação como “construção de narrativas” e afirmam que a “PF de Lula e Dino prepara prisão de Bolsonaro e envolve FBI na farsa”.

Essas mensagens também criticam a própria Polícia Federal e questionam a importância de vender e recomprar um mesmo relógio. Uma análise realizada pelo Laboratório de Humanidades Digitais da Universidade Federal da Bahia em parceria com a UFSC identificou 303 mensagens relacionadas às joias e presentes recebidos por Bolsonaro, enviadas entre os dias 10 e 15 de agosto, em 41 canais e 50 supergrupos no aplicativo Telegram.

Além disso, a análise também levou em consideração o envolvimento de pessoas ligadas ao caso, como o ex-presidente, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid e o advogado Frederick Wassef. Entre eles, Cid e Michelle foram os mais mencionados. Vale ressaltar que os grupos analisados não eram restritos ao bolsonarismo, mas abrangiam uma variedade de grupos de extrema direita.

Nos grupos analisados, a prisão de Bolsonaro é considerada um cenário provável ou até mesmo certo. Em uma comunidade com quase 10 mil usuários, um texto orienta os apoiadores a ficarem alertas diante da possibilidade de prisão do ex-presidente, com um usuário afirmando a necessidade de cuidado com mensagens que “botam a pilha no povo”. Outra mensagem sugere que o ministro Alexandre de Moraes, do STF, prenderia Bolsonaro na semana seguinte e que a falta de reação resultaria em uma situação semelhante à da Venezuela.

Diversas mensagens também apontam Moraes, o ex-presidente Lula e o ministro da Justiça, Flávio Dino, como os responsáveis por perseguir Bolsonaro. Na última sexta-feira (11), a PF realizou buscas contra pessoas próximas ao ex-presidente, suspeito de envolvimento em um esquema de venda de bens no exterior com recebimento em dinheiro vivo. A PF pediu a quebra de sigilos bancário e fiscal de Bolsonaro e Michelle. A defesa do ex-presidente afirmou que ele disponibilizou suas informações bancárias às autoridades e que ele nunca se apropriou ou desviou bens públicos.

No meio das discussões, mensagens antigas relacionadas ao ex-presidente Lula também voltaram à tona. Uma matéria de 2016 sobre a busca e apreensão de presentes recebidos por Lula em seus mandatos foi resgatada. E o Tribunal de Contas da União determinou que apenas presentes de uso pessoal ou personalíssimo poderiam fazer parte do acervo privado de um presidente. No caso de Lula, foram exigidas a devolução de 434 presentes recebidos durante seu mandato.

Importante mencionar ainda que a busca e apreensão no entorno de Bolsonaro é vista por alguns grupos como uma distração para encobrir temas negativos do atual governo, como a CPI do MST, a CPI do 8 de janeiro, o preço do combustível e a bolsa de valores. Além disso, há cobranças para que os militares tomem alguma ação diante desses acontecimentos, especialmente por conta da investigação envolvendo o general Mauro Cesar Lourena Cid, pai do tenente-coronel Mauro Cid.

Essas informações foram compartilhadas em grupos de Telegram e revelam a visão de parte da extrema direita em relação à investigação das joias e presentes recebidos por Bolsonaro, expondo uma polarização política e a crença em perseguição política.

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