Brasil mais crítico em relação à questão antirracista, aponta pesquisadora

Nos últimos tempos, o Brasil tem se mostrado mais crítico e aguerrido em relação à questão antirracista”, destacou a pesquisadora Paola, em seu estudo comparativo com os países sul-africano e moçambicano. A pesquisadora ressaltou que, apesar das diferenças culturais, existem semelhanças nos três países em relação aos desafios enfrentados quando se trata desse assunto.

No caso sul-africano, os resquícios do Apartheid ainda são evidentes no cotidiano. Por exemplo, a segregação racial ainda é percebida em alguns restaurantes, onde clientes se separam por raças, embora isso não seja mais imposto pelo Estado. Paola, que viveu em Joanesburgo, destacou que essa divisão ainda é presente em espaços como a mesa dos indianos, dos pretos e dos brancos.

Já em Moçambique, embora as disputas raciais não sejam tão visíveis no dia a dia, há um certo respeito e endeusamento em relação às pessoas brancas, o que é considerado preocupante. A pesquisadora apontou que ainda há uma percepção de superioridade dos brancos em relação aos negros, o que reflete em tratamentos diferenciados.

Para analisar os impactos da branquitude e colonialidade nos currículos escolares de Maputo, Joanesburgo e São Paulo, Paola entrevistou 13 professores de diversas raças que atuam desde a educação infantil até o ensino médio. Em sua obra, ela destaca 31 categorias de análise crítica à branquitude e às colonialidades, como a “hipervisibilidade branca” presente nos currículos escolares.

Apesar dos avanços em relação à representatividade nos livros didáticos, os professores ainda reproduzem um ensino com viés eurocêntrico, segundo relataram os entrevistados nos três países. A pesquisa de Paola evidenciou que a maioria dos conteúdos ensinados mantém essa perspectiva eurocêntrica, mesmo com a discussão sobre a diversidade e a representatividade em pauta.