Durante a conferência, além de promover discussões de relevância aos investidores, foi possível captar o sentimento dos participantes em relação aos principais temas que afetarão os mercados no curto e médio prazo. Tanto nas conversas informais quanto em um amplo levantamento realizado, o sentimento predominante foi positivo em relação ao Brasil. A percepção se tornou mais construtiva à medida que o cenário político se acalmou. Com isso, a maioria dos participantes (65%) manifestou a intenção de ampliar os investimentos em renda variável no segundo semestre.
O governo brasileiro vem direcionando esforços para promover reformas estruturais, especialmente nas áreas tributária e fiscal. Esse tom de expectativa em relação ao aumento da competitividade e eficiência foi destacado durante o evento. Além disso, ações de entes subnacionais, como programas de privatizações e investimentos em infraestrutura, também foram destacadas como positivas para o cenário brasileiro.
Outros pontos positivos citados durante a conferência foram as contas externas saudáveis, o crescimento do agronegócio e a resiliência das empresas brasileiras diante das altas taxas de juros. O Brasil está apenas no início do ciclo de flexibilização dos juros básicos, o que tende a favorecer as ações como classe de ativos e impulsionar o mercado de capitais, incluindo a retomada de ofertas públicas de ações.
No entanto, ainda existem preocupações com relação à coordenação política e aos rumos do ajuste fiscal. A recuperação mais lenta da atividade econômica e o alto nível de endividamento das famílias são vistos como riscos potenciais. Empresas do setor de consumo também mencionaram um desempenho desafiador nas vendas do terceiro trimestre. Além disso, as incertezas em relação aos impostos e às regulamentações do mercado de crédito foram temas amplamente discutidos.
A transição energética também foi um tema de destaque durante a conferência. Investidores acreditam que o Brasil tem grandes oportunidades nesse sentido, podendo até apoiar a descarbonização de outros países. No entanto, são necessários esforços para superar desafios, como o combate ao desmatamento ilegal e a atualização dos regulamentos internos relacionados ao mercado de carbono e à produção de hidrogênio verde.
O cenário global continua sendo uma preocupação central para os investidores. As perspectivas macroeconômicas da China e as altas taxas de juros dos Estados Unidos tornaram alguns estrangeiros mais cautelosos em relação aos países emergentes. No entanto, os investidores reconhecem que o Brasil desenvolveu uma economia interna mais forte e, portanto, será menos afetado pela desaceleração econômica chinesa.
O possível corte nas taxas de juros pelo Federal Reserve (Fed) apenas no segundo semestre de 2024 também foi discutido durante a conferência, trazendo à tona a questão do desempenho do real diante da redução do diferencial de juros entre o Brasil e os Estados Unidos. Os investidores demonstram confiança nos fundamentos da política monetária brasileira, porém, é necessário acompanhar a transição dos membros do Banco Central e evitar cortes de juros por motivos errados, o que poderia trazer consequências desfavoráveis para o real.
Em resumo, a conferência capturou a confiança dos investidores em relação ao Brasil, destacando as oportunidades e desafios presentes no cenário econômico. Apesar das incertezas globais, o país vem se consolidando como um destino atrativo para investimentos, e é essencial acompanhar de perto tanto a economia global quanto as medidas adotadas pelo Brasil para manter a confiança dos investidores.