Braskem: A Contradição entre Relatórios ESG e os Desastres Ambientais em Maceió
A Braskem, petroquímica responsável por desastres ambientais em Maceió, publicou relatórios sobre sua atuação na esfera ESG neste ano, apesar do desastre ambiental urbano que provocou o afundamento de cinco bairros e o deslocamento de mais de 200 mil pessoas nos últimos quatro anos. A extração de sal-gema pela Braskem é apontada como a causa desse desastre. Até o momento, foram três relatórios lançados, mostrando uma aparente postura eco-friendly por parte da empresa.
A contradição entre a publicação dos relatórios ESG e o desastre ambiental evidencia falhas de governança e regulação em várias esferas do mundo corporativo, assim como na tomada de decisão por parte de investidores, de acordo com especialistas.
A Braskem, ao ser procurada pela Folha, afirmou ter tomado medidas condizentes com a sua responsabilidade socioambiental em Maceió. A empresa também alegou não possuir mais atividades relacionadas à extração de sal-gema no Brasil.
Segundo a empresa, antes de 2018, não existiam indicativos de trincas ou rachaduras que pudessem ser relacionadas à atividade de extração de sal. Após tomar conhecimento de que a subsidência estava acontecendo na região, a Braskem interrompeu definitivamente a extração local de sal-gema e iniciou ações para mitigação de riscos e reparações. Além disso, a companhia destaca sua agenda de “empresa verde”, que inclui a produção de plástico de origem renovável a partir da cana-de-açúcar.
Impacto nos Índices de Governança e Sustentabilidade
A participação da Braskem em índices como ICO2, IGCT e S&P ESG concedidos pela B3, bem como sua presença no Dow Jones Sustainability Index e no Pacto Global da ONU, estão em destaque. No entanto, a petroquímica foi excluída do ISE em função da situação de emergência decretada pela prefeitura de Maceió. Além disso, a presença da Braskem entre as associadas do Instituto Ethos causou polêmica, levando a entidade a não se pronunciar sobre o assunto.
Críticas e Opiniões dos Especialistas
‘Condenações por corrupção deveriam impedir empresas de entrarem em índices ESG’
O consultor Renato Chaves, especialista em governança corporativa, lamentou que empresas como a Braskem, envolvidas em condenações por corrupção, ainda tenham acesso a índices de governança e sustentabilidade. Outros especialistas, como Alexandre Di Miceli, destacam a falta de compromisso das empresas com a sustentabilidade e a ausência de punições mais rigorosas por parte da CVM.
Para Einar Rivero, os rankings e selos corporativos têm seu papel, mas certos aspectos demandam uma análise mais criteriosa do investidor, além de uma regulação mais firme da CVM.