Debate acalorado sobre a Lei Ônibus na Argentina
No último dia 29, a Câmara de Deputados da Argentina viveu mais de 13 horas de discussão acalorada sobre a chamada Lei Ônibus, um pacote de medidas ultraliberais proposto por Javier Milei. O debate ganhou destaque quando o presidente Lula (PT) foi citado nos momentos finais como forma de contestar a redução do tamanho do Estado argentino.
O deputado opositor Eduardo Félix Valdés, do União pela Pátria, fez referência a uma frase semelhante a um discurso recente de Lula durante o Dia das Mães, em maio, onde o petista afirmou que “Para governar um Estado e um país, tem de governar com coração de mãe”.
A Lei Ônibus é uma prioridade do governo argentino nesse início de mandato e tem gerado polêmica ao abrir caminho para privatizações, concentração de poderes no Executivo e uma reforma trabalhista. A expectativa do governo é conseguir aprovar a medida após negociações com a oposição de direita e centro-direita, exceto o União pela Pátria, partido do deputado Valdés.
O debate contou com mais de uma centena de deputados se pronunciando, em uma tentativa de acelerar ou retardar a votação. Em fevereiro, a versão original da Lei Ônibus foi desidratada pela Câmara, levando o governo a reformulá-la em uma versão enxuta.
Lula e Milei defendem visões opostas de Estado, mas mesmo após trocarem farpas no passado, tentaram amenizar a relação. Recentemente, a chanceler de Milei esteve em Brasília e São Paulo, porém um encontro entre os dois líderes ainda não está nos planos.
O deputado Valdés ainda mencionou Luis Lacalle Pou, presidente do Uruguai, como um defensor da presença do Estado para mitigar as desigualdades, mesmo sendo de centro-direita.
Esses debates políticos revelam as divergências ideológicas presentes na América Latina e como diferentes líderes enxergam o papel do Estado na sociedade.
