Câmara Municipal de São Paulo investiga ONGs na Cracolândia; CPI Ressalta Controvérsia a respeito das Assinaturas dos Vereadores

CPI para investigar ONGs que atuam na Cracolândia: vereadores retiram apoio

O pedido de abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as organizações não governamentais (ONGs) que atuam na Cracolândia teve o apoio inicial de 22 vereadores da Câmara Municipal de São Paulo. No entanto, quatro deles já anunciaram que vão retirar seus nomes do pedido. A reportagem identificou uma das assinaturas como sendo do vereador Danilo do Posto (Podemos), porém, o vereador alegou que não assinou a CPI e que sua assinatura consta de forma diferente em outros documentos públicos da Câmara.

A proposta, feita por Rubinho Nunes (União Brasil), conta com o apoio de parlamentares de nove partidos, incluindo o vereador Fábio Riva (PSDB), líder do governo. Ao todo, 22 vereadores assinaram o requerimento para investigar as ONGs que atuam na região. O objetivo principal é investigar o padre Júlio Lancellotti, que é suspeito de integrar as organizações em questão.

A assinatura do líder do governo, o vereador Fábio Riva, é a prova da adesão do PSDB à investigação. De acordo com o documento, seis vereadores do partido concordaram em apoiar o pedido. Além disso, outros partidos como União Brasil, PL, Republicanos, Podemos, MDB, Solidariedade, PSD e Progressistas cederam assinaturas para a criação da CPI.

No entanto, quatro vereadores que assinaram inicialmente o requerimento decidiram retirar seus apoios e votar contra a instalação do colegiado. Os vereadores Sidney Cruz (Solidariedade), Thammy Miranda (PL), Sandra Tadeu (União Brasil) e Xexéu Tripoli (PSDB) alegam que foram enganados, pois o requerimento não falava em investigar o padre Júlio Lancellotti.

O autor do pedido de CPI das ONGs, Rubinho Nunes, acusa algumas organizações da região, como a Craco Resiste e o Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto, de promover uma “máfia da miséria”. No entanto, a Craco Resiste afirmou que não é uma ONG, mas um projeto de militância que atua na região da Cracolândia para reduzir danos a partir de vínculos criados por atividades culturais e de lazer. A entidade chamou o ataque de “desonesto” e afirmou que são homens brancos que tentam usar a Cracolândia como vitrine para seus projetos pessoais.

A instalação da CPI das ONGs ainda não é garantida, pois precisa ser aprovada pelo Colégio de Líderes e em plenário por maioria simples. A Arquidiocese de São Paulo reagiu com indignação à proposta e afirmou que o padre Júlio Lancellotti “exerce importante trabalho de coordenação, articulação e animação dos vários serviços pastorais voltados ao atendimento, acolhida e cuidado das pessoas em situação de rua na cidade”.

Já o padre declarou, em entrevista ao Estadão, que a instalação de CPIs para investigar o uso de recursos públicos pelo terceiro setor é uma ação legítima do Poder Legislativo, mas que não faz parte de nenhuma organização conveniada à Prefeitura de São Paulo, e sim da Paróquia São Miguel Arcanjo.

A oposição, representada pelo PT, que conta com uma bancada de oito vereadores, promete barrar a CPI. O partido afirmou que a iniciativa é uma perseguição ao padre Júlio Lancellotti, que tem sido uma voz incansável na defesa dos mais vulneráveis. A decisão final sobre a instalação da CPI das ONGs em fevereiro ainda não foi tomada, mas a polêmica continua a crescer em torno desse tema.

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