Candidato favorito no Panamá promete fechar fronteira da selva de Darién para migrantes em direção aos EUA, levantando polêmica




Artigo Jornalístico

Candidato Favorito no Panamá Promete “Fechar” a Selva de Darién para Migrantes

No cenário político panamenho, José Raúl Mulino desponta como favorito na corrida presidencial, trazendo consigo propostas controversas. Durante um evento de campanha em Las Mañanitas, Mulino fez uma declaração polêmica ao prometer “fechar” a selva de Darién para migrantes que buscam atravessar a região em direção aos Estados Unidos, sem fornecer detalhes concretos sobre como isso seria realizado.

A região de Darién, marcada por densa mata, rios e morros, localizada na fronteira entre Colômbia e Panamá, é conhecida como a “selva da morte”. Nos últimos anos, tornou-se palco da maior crise migratória nas Américas e uma das mais agudas do mundo, com centenas de milhares de migrantes sul-americanos arriscando suas vidas na travessia.

Segundo dados de uma iniciativa da ONU que registra óbitos, pelo menos 379 pessoas perderam suas vidas tentando atravessar a região nos últimos dez anos, número que provavelmente está subnotificado. Em 2023, mais de 520 mil pessoas, em sua maioria venezuelanos, cruzaram a área inóspita. Este ano, mais de 120 mil migrantes já teriam realizado a travessia, conforme números oficiais.

Mulino argumenta que é necessário agir de forma trilateral, envolvendo Estados Unidos, Colômbia e Panamá, para conter o fluxo migratório. Ele ressalta que o Panamá não pode ser um país de trânsito para imigrantes e propõe repatriação e controle mais rigoroso na selva de Darién.

No entanto, especialistas apontam as implicações negativas de tal medida. Juan Pappier, diretor adjunto das Américas da ONG Human Rights Watch, afirma que fechar Darién é uma tarefa quase impossível e poderia levar os migrantes a rotas ainda mais perigosas, enriquecendo grupos criminosos e minando o controle do país sobre a situação.

Apesar das promessas de Mulino, a complexidade da questão migratória na região exige soluções mais abrangentes e humanitárias. A retórica de fechamento de fronteiras pode agravar os desafios enfrentados pelos migrantes e agravar a situação de vulnerabilidade em que se encontram.


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