Cartunistas da ditadura: a influência gráfica transatlântica e a diversidade do humor protestante no Brasil.

Acervo privado revela a marca da censura nos desenhos

Em uma recente entrevista, a pesquisadora Mélainie Toulhoat comentou sobre a importância de um acervo privado de desenhos censurados para compreender as motivações por trás da censura durante a ditadura. Segundo ela, esses desenhos apresentam uma lógica sensorial, além de uma materialidade evidente, com cruzes vermelhas e marcas físicas que representam a censura imposta na época.

Além disso, a pesquisadora destacou a relevância de trabalhar com arquivos públicos da imprensa independente brasileira, como parte do processo de pesquisa para reproduzir o conteúdo gráfico de diversas fontes e origens, incluindo o acervo do Nani, que foi um dos acervos explorados por ela.

Tradição gráfica e política em contexto histórico

Toulhoat ressaltou a longa tradição gráfica que influenciou a ação política dos cartunistas durante a ditadura, tanto no Brasil quanto na França. Segundo ela, essas influências transatlânticas tiveram um impacto significativo na produção gráfica da época, demonstrando uma conexão entre diferentes modelos e tradições gráficas.

A pesquisadora também abordou a diversidade de fontes de humor de protesto, destacando que, além do renomado Pasquim, existiam muitos outros jornais que contribuíram para essa expressão crítica. Ela ressaltou a importância de reconhecer essa diversidade temática, geográfica, de classe social e de gênero no contexto do humor gráfico da época.

Diversidade na imprensa independente

Ao discutir o papel da imprensa independente, Toulhoat enfatizou a necessidade de superar estereótipos, como a ideia de que a imprensa se resumia ao Pasquim da zona Sul do Rio de Janeiro, com um grupo homogêneo de homens brancos de classe elitista. Ela destacou a diversidade de temas, relações com as autoridades e abordagens do proibido e do autorizado presentes na imprensa independente da época.

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