Casa modernista de Jorge Zalszupin em São Paulo ganha exposição de artistas não-brancos e periféricos, rompendo com o eurocentrismo dos museus






Casa Modernista de Jorge Zalszupin abriga “outros modernismos” com artistas não-canônicos

Casa Modernista de Jorge Zalszupin abriga “outros modernismos” com artistas não-canônicos

No bairro Jardim America, em São Paulo, uma casa de arquitetura sofisticada se destaca por abrigar telas coloridas que representam os orixás em meio ao concreto. Lilia Schwarcz, historiadora e recentemente eleita imortal pela Academia Brasileira de Letras, transformou a residência modernista de Jorge Zalszupin em um espaço onde o modernismo convive com artistas não-canônicos indígenas.

A morada, apesar de sua essência modernista, não segue os padrões ortodoxos. O chão de cerâmica rústica contrasta com as paredes de concreto e uma parede de pedra, criando uma atmosfera única. Vidros coloridos e móveis em jacarandá trazem calor ao ambiente, que foi planejado pelo arquiteto e designer polonês com influências tropicais.

Schwarcz, ao ocupar o icônico edifício modernista, decidiu incorporar o que chamou de “outros modernismos”. Artistas como Rubem Valentim, Heitor dos Prazeres, Jaider Esbell e Lidia Lisboa estão presentes na exposição, trazendo à tona formas de arte não convencionais e menos exploradas pela arte ocidental tradicional. A historiadora busca romper com a lógica eurocêntrica dos museus de arte, que historicamente marginalizaram a produção artística não europeia.

O trabalho de artistas negros e indígenas contemporâneos ao modernismo reflete conceitos diferentes dos tradicionais associados ao movimento. Mestre Didi, por exemplo, combinava arte e religião em suas esculturas totêmicas, enquanto Dayara Tucano subverte a classificação ocidental das iconografias da fauna e flora.

A exposição não apenas explora novas perspectivas artísticas, mas também ecoa o desejo de Schwarcz de promover uma maior diversidade nos acervos culturais brasileiros. Ela planeja levar essa abordagem plural para a Academia Brasileira de Letras, continuando o legado de Alberto da Costa e Silva e buscando ampliar o diálogo entre diferentes formas de expressão cultural.

Assim, a casa modernista de Jorge Zalszupin se torna um reflexo da busca por outros caminhos artísticos e da necessidade de reconhecer e valorizar artistas que não se enquadram nos padrões estabelecidos pela tradição europeia.


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