Censura na China bloqueia reportagem sobre fim de departamentos de obstetrícia em hospitais do país.

No último domingo, a censura da China bloqueou o acesso a uma reportagem do portal chinês Pengpai News que relatava o fim de departamentos de obstetrícia em vários hospitais do país. Segundo o veículo, um dos principais portais de notícias em Xangai, o encerramento das atividades foi observado em Zhejiang e em várias outras províncias chinesas devido à queda na demanda de mulheres buscando esses hospitais para realizar partos. Além disso, comportamentos semelhantes também teriam causado fechamentos ou diminuição de pessoal nas unidades de obstetrícia de Jiangsu, Guangxi, Jiangsu e Guangdong, indicando que o fenômeno é nacional.

Antes de ser censurado, o tópico sobre o texto no Weibo, espécie de Twitter/X chinês, acumulou mais de 200 milhões de acessos em menos de 24 horas. Muitos internautas se perguntaram se a censura poderia ser um prenúncio de medidas mais restritivas nas políticas reprodutivas chinesas, como uma proibição irrestrita ao aborto, legalizado pela legislação local desde 1953.

A reportagem indica um possível fracasso na estratégia governamental para incentivar casais a terem mais filhos, medida adotada para reverter o encolhimento da população e o consequente impacto econômico no longo prazo. Nos últimos anos, Pequim já ofereceu aos pais bônus salariais, cortes de impostos e até ajuda de custo para educação por cada nova criança nascida. A propaganda estatal, que por anos defendeu a política de filho único, também reforçou campanhas para incentivar famílias mais numerosas.

Em outras notícias relevantes, a China planeja investir mais de 100 trilhões de yuans (cerca de R$ 69,3 trilhões) em seu setor de energia de 2020 a 2060, com o objetivo de alcançar a meta de zero carbono até 2060. Essa promessa foi feita pelo líder chinês, Xi Jinping, à Assembleia-Geral da ONU. Especialistas afirmam que, se atingida, essa meta pode representar uma redução de 0,2 a 0,3 graus Celsius na temperatura global até o final deste século.

Além disso, a Indonésia inaugurou na segunda-feira passada o primeiro trem-bala do Sudeste Asiático, conectando a capital, Jacarta, à cidade de Bandung em apenas 40 minutos. Esse projeto, orçado em US$ 7,3 bilhões (quase R$ 37 bilhões), foi quase integralmente financiado pela China através da Iniciativa de Cinturão e Rota. O presidente indonésio, Joko Widodo, anunciou que planeja receber Xi Jinping para viajar no trem-bala e reforçar os laços bilaterais.

Em relação aos Estados Unidos, um grupo bipartidário de senadores americanos planeja visitar a China na próxima semana com a esperança de se encontrar com o líder chinês, Xi Jinping. O encontro deve focar a capacidade da empresa Micron Technology Corp, que fabrica chips de memória, de operar na China, onde enfrenta uma investigação pela Administração de Cibersegurança do governo. Os parlamentares também pretendem se encontrar com a comunidade empresarial americana em Xangai para discutir o ambiente dos negócios na cidade. Esse encontro se torna ainda mais importante após um executivo sênior da consultoria de riscos americana Kroll ser impedido de deixar a China. O motivo seria sua suposta participação em uma investigação de um caso aberto anos atrás.

Por fim, a Rede Brasileira de Estudos da China abriu inscrições para os interessados em participar da 6ª edição do encontro anual dos pesquisadores associados, que ocorrerá nos dias 24, 25 e 26 de outubro. O evento contará com palestras, mesas de discussão e lançamento de livros na Universidade Federal do ABC. Também é recomendado ler a análise do professor da Universidade de Leiden, Yuan Yi Zhu, sobre os problemas econômicos que se anunciam na China. O artigo, publicado pelo The Times, explica por que as dificuldades atuais não serão tão simples de resolver como no passado.

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