Chefe da Marinha rejeita homenagem a João Cândido, líder da Revolta da Chibata, ignorando a questão racial, afirmam especialistas.




Posição da Marinha sobre Homenagem a João Cândido Ignora Desigualdade Racial

Posição da Marinha sobre Homenagem a João Cândido Ignora Desigualdade Racial, Dizem Especialistas

No dia 22 de março, o chefe da Marinha, Marcos Sampaio Olsen, se posicionou contrariamente ao projeto de lei que visa incluir João Cândido, líder da Revolta da Chibata de 1910, em um livro de heróis da Pátria. Especialistas afirmam que essa posição ignora a persistente desigualdade racial na sociedade brasileira.

O episódio da Revolta da Chibata, liderada por João Cândido, foi marcante na história do Brasil, pois lutava contra os castigos físicos impostos aos marinheiros. Mesmo abordando um tema sensível para a Marinha, a revolta se tornou um símbolo nacional na luta contra o racismo.

Na carta enviada à Câmara dos Deputados, Olsen descreveu os participantes da insurgência como “abjetos marinheiros” e criticou a proposta de homenagear João Cândido. O projeto de lei, de autoria do deputado Lindbergh Farias e relatado por Benedita da Silva, busca reconhecer o líder histórico como herói da Pátria.

Segundo Álvaro Pereira do Nascimento, professor de história da UFRRJ e autor de uma biografia sobre João Cândido, a inclusão do líder no livro de heróis é fundamental para enfrentar o racismo estrutural presente no Brasil. Ele ressaltou que a revolta tinha objetivos propositivos, como a retirada de oficiais violentos e a revogação do código disciplinar que permitia castigos corporais.

Andersen Figueiredo, mestre em História da África, destacou que a resistência em reconhecer João Cândido como herói revela o racismo arraigado na sociedade brasileira. Ele enfatizou a importância do líder na luta contra a opressão racial no início do século XX.

Francisco Phelipe Cunha Paz, historiador, ressaltou que a inclusão de João Cândido entre os heróis nacionais é crucial para contar a história de uma parte violada e violentada do Brasil desde a colonização. Ele enfatizou que o reconhecimento do líder é um esforço de combate e reparação ao racismo presente na história do país.

Ynaê Lopes dos Santos, professora de história, defendeu a entrada de João Cândido no livro de heróis da Pátria, argumentando que isso ajudaria a trazer à tona a história militar contada de forma racista, silenciando as contribuições de pessoas negras como o líder da Revolta da Chibata.


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