Cinco anos após o rompimento da barragem em Brumadinho, população local enfrenta dificuldades socioeconômicas e de saúde em consequência da tragédia.




Tragédia de Brumadinho

Após cinco anos, Brumadinho ainda sofre com reflexos do rompimento da barragem da Vale

Por XPTO, Jornalista

Após cinco anos do rompimento da barragem da Vale, em Brumadinho (MG), os reflexos sociais ainda são sentidos pela população local, apontando para uma tragédia que vai muito além das perdas humanas iniciais. A inflação, a falta de moradia e de perspectiva são apenas algumas das consequências que afetam diretamente a qualidade de vida dos moradores da região.

A destruição causada pela tragédia não se restringiu a Brumadinho, atingindo também pelo menos 26 municípios de alguma forma. As comunidades quilombolas, historicamente vulneráveis, sofreram e ainda sofrem com os impactos derivados do rompimento da barragem. Além das perdas materiais e de plantações, muitas comunidades ficaram isoladas, privando os moradores de acessar os serviços públicos de saúde e de gerar renda através das vendas de produtos locais.

A população quilombola revela uma sensação de abandono, com pouquíssimos moradores recebendo indenizações da Vale. O Programa de Transferência de Renda, conhecido na região como “bolsa tragédia” ou “bolsa Vale”, vem causando impactos mistos, proporcionando uma fonte de renda para a comunidade, mas sem promover mudanças estruturais que possam garantir um futuro sustentável para os quilombolas.

Professora da UFMG e coordenadora do Programa Polos de Cidadania, Maria Fernanda Salcedo Repolês destaca que o PTR (Programa de Transferência de Renda) não visa a indenização, mas sim a compensação pelos prejuízos causados no cotidiano das comunidades. O dinheiro, ainda que represente um auxílio temporário, não é suficiente para reverter a dependência na extração de minério e dinamizar a economia local.

Além das questões econômicas, a saúde mental da população quilombola também é preocupante, com a aparente elevação das taxas de suicídio desde a tragédia. Impactos à saúde e à segurança alimentar também são observados, incluindo a desvalorização dos produtos agroecológicos e o temor da contaminação dos alimentos.

Em resposta ao quadro de desolação, o governo de Minas Gerais garante a realização de ações de reparação, incluindo projetos que visam o fortalecimento dos serviços públicos na região afetada. As comunidades quilombolas de Brumadinho estão ativamente envolvidas na elaboração de projetos de reparação socioeconômica, com iniciativas nos setores de cultura, educação, infraestrutura e fomento econômico.

Do lado da Vale, a empresa afirma que tem acompanhado as comunidades quilombolas desde 2019, além de disponibilizar moradias temporárias para as famílias desalojadas até que o processo de indenização seja concluído. A empresa também aponta para iniciativas de fomento ao turismo sustentável e investimentos em cultura, educação, infraestrutura, fomento econômico e acesso à água.

Em suma, cinco anos após a tragédia, a situação das comunidades quilombolas atingidas pelo rompimento da barragem ainda é delicada, com uma série de desafios a serem superados para garantir a recuperação e a sustentabilidade dessas populações.


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