CNJ aprova ato normativo que estende nota mínima diferenciada para candidatos com deficiência no Enam




Artigo sobre Mudanças no Edital do Enam

Conselho Nacional de Justiça aprova alteração no edital do Enam para pessoas com deficiência

O CNJ (Conselho Nacional de Justiça) aprovou por unanimidade nesta terça-feira (20) um ato normativo que atualiza o edital do Enam (Exame Nacional de Magistratura) para estender a pessoas com deficiência o direito à nota mínima diferenciada para aprovação, de 50% na prova objetiva.

Negros e indígenas já eram contemplados. Para os demais candidatos, o percentual é de 70%.

De acordo com o CNJ, o objetivo do Enam é assegurar que os processos ocorram de forma a valorizar o raciocínio, a resolução de problemas e a vocação dos candidatos.

Antes, o edital, que está com inscrições abertas desde o último dia 7, mencionava a reserva de vagas e a pontuação diferenciada para candidatos negros e indígenas, sem citar pessoas com deficiência.

Essa prova inédita passa a ser uma etapa anterior à dinâmica de exames já existentes a que os aspirantes à magistratura enfrentam em disputa com candidatos de todo o país.

A intenção também é democratizar o acesso à carreira, tornando-a mais diversa e representativa, segundo o CNJ. A primeira fase, de caráter eliminatória e não classificatória, está marcada para 14 de abril e tem 80 questões objetivas.

“Os candidatos com deficiência participarão do concurso em igualdade de condições com os demais candidatos em relação a conteúdo, horário e local de aplicação das provas”, disse o ministro Barroso em sua fala ao ler a decisão.

Barroso disse ainda que o Enam é uma prova obrigatória para os que almejam participar de concursos para juiz, visando garantir uma habilitação prévia.

“Embora os tribunais ainda mantenham autonomia para seus próprios concursos, a inscrição requer aprovação nesse exame nacional, coordenado pela Escola Nacional de Formação [e Aperfeiçoamento] de Magistrados.”

Segundo o ministro, desde a divulgação do edital, 25 mil pessoas se inscreveram.

A assistente judiciário no TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo) Camila Bezerra Ferreira, 35, vai prestar o Enam. Ela afirma ter hemiparesia à esquerda, condição neurológica que causa fraqueza muscular e afeta metade do corpo, incluindo braço e perna.

Camila e outros candidatos com deficiência questionaram a exclusão da nota diferenciada para pessoas com deficiência na resolução do Enam, iniciando petições e pedidos de providências para o Ministério Público Federal.

“A representatividade é importante, em especial em uma carreira como a magistratura, para construir uma sociedade mais inclusiva e igualitária”, disse a servidora.

Uma das questões levantadas por Camila foi sobre a necessidade de adaptações nas provas para atender pessoas com deficiência.

“Apesar das medidas anunciadas para incluir pessoas com deficiência, como oferecer uma hora a mais de prova, ainda há um longo caminho a percorrer. É preciso garantir acessibilidade nas provas e oferecer notas diferenciadas, analisando as necessidades individuais de cada pessoa com deficiência.”


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