Estudo aponta risco de colapso na circulação de água dos oceanos
Um estudo conduzido por cientistas holandeses alerta para a vulnerabilidade crescente do sistema de circulação de água dos oceanos, que desempenha papel fundamental na estabilidade do clima global. Publicada recentemente na revista Science Advances, a pesquisa aponta que o sistema está sujeito a um possível “desligamento” caso a temperatura da Terra continue aumentando.
O estudo, que combinou dados sobre o derretimento de geleiras com simulações computacionais do clima da Terra, alerta para os sinais que podem indicar o “ponto de virada” nas atuais correntes marinhas. A equipe da Universidade de Utrecht estima que uma eventual mudança provocaria quedas consideráveis na temperatura média da Europa, com diminuições superiores a 1°C por década. Isso poderia resultar em uma redução de temperatura entre 5°C e 15°C em cidades do noroeste do continente, impactando drasticamente diversos ecossistemas e regiões, incluindo os trópicos.
Os efeitos do desligamento do sistema de circulação de água dos oceanos poderiam acarretar em uma inversão das estações úmidas e secas na Amazônia, gerando um desafio significativo para a biodiversidade da região. Segundo o estudo, uma mudança ambiental tão profunda e rápida, na escala de décadas, representaria um risco imenso para a adaptação dos ecossistemas.
O pesquisador René van Westen, coordenador do estudo, enfatiza a importância de medições das condições da água do oceano Atlântico, localizadas a 34 graus de latitude Sul, como um indicativo do risco iminente de desligamento do sistema de circulação de água. Segundo ele, existe um valor crítico para o transporte de água doce nessa latitude, e caso esse valor seja ultrapassado, a Amoc (circulação meridional invertida do Atlântico) poderá colapsar abruptamente.
O desligamento da Amoc, expresso de forma catastrófica no filme “O Dia Depois de Amanhã”, poderia trazer impactos severos a longo prazo, afetando consideravelmente o clima e os ecossistemas em diferentes regiões do planeta. Portanto, atitudes urgentes são necessárias para reduzir as emissões de gases causadores do aquecimento global e mitigar os riscos apontados pelo estudo.