Como a Imprensa tem Manipulado a Opinião Pública sobre o Governo e a Petrobras: Uma Análise Crítica dos Títulos Sensacionalistas.







Análise sobre a Imprensa e a Política no Brasil

A imprensa profissional — aquela que se quer independente, moderada, sóbria, isenta, sem viés — fez um estardalhaço danado sobre esses temas, e eles se transformaram em memes nas páginas e perfis da extrema-direita, com a chancela de profissionais da informação. Dia desses, chegou-se a noticiar, como se fosse coisa já dada, que a não distribuição dos dividendos extras da Petrobras escondia um prejuízo da empresa de R$ 500 milhões — coisa que não aconteceu. Se vier a acontecer o que se prevê — não vou entrar em minudências agora porque não cabe —, seria o correspondente a 0,37% do lucro da petroleira em 2023, o segundo maior de sua história e o terceiro maior dos potentados de capital aberto no país.

Não ignoro, é claro!, o que fez a máquina bolsonarista junto às franjas religiosas que compõem a sua grei com a declaração do petista sobre Gaza — distorcendo-a, inclusive. Que a maioria dos evangélicos, por exemplo, depois da pantomima midiática, reprove a declaração, vá lá. Mas seria o suficiente para que alguém mudasse a sua avaliação sobre o governo? E a Petrobras? Quer dizer que aquele cuja vida inequivocamente melhorou, ainda que não tenha alcançado o paraíso, pode dizer que ela piorou porque, ganhando até dois mínimos, cinco ou a dez, não se conforma com a política de dividendos da Petrobras?

Eu me pergunto se, nessas horas, o colunista, analista, prosélito — e, em alguns casos, porta-voz de lobista — não confunde os seus próprios valores, preconceitos e interesses com os do povo. Parece-me uma leitura a que falta, antes de mais nada, honestidade intelectual. Também vira uma resposta simples e errada para um problema difícil.

Diga-me: não tivesse o presidente dito palavra sobre Israel, Ucrânia Venezuela, ou os dividendos da Petrobras repetissem a distribuição orgíaca de 2022, a avaliação sobre o governo estaria melhor? O povo brasileiro agora virou, assim, um misto de analista conservador de relações internacionais com fundamentalista de dividendos extraordinários? Que títulos escandalosos, depreciativos, tenham virado memes e ganhado as redes, admito. A coisa não ajudou. Mas não me parece que o problema esteja aí.

ENTÃO O PROBLEMA ESTÁ ONDE?
Sim, eu mesmo já escrevi que o governo se comunica mal e ainda não entendeu — e o mesmo se diga sobre o PT — o espírito das redes, destacando que o pensamento progressista apanha da extrema-direita nesse ambiente em todo o mundo democrático.

Dito isso, indago: esse governo essencialmente virtuoso na economia e que tem um acento civilizador nos programas sociais está sendo devidamente retratado pela imprensa profissional? Tendo a achar que não. Mais essa imprensa a que me refiro do que o petismo incorporou a lógica da polarização — conceito que repudio —, de modo que reconhecer avanços importantes na governança é visto como uma espécie de adernamento do noticiário em favor de um dos lados, o que deve ser necessariamente neutralizado com uma crítica que anule o eventual benefício desse reconhecimento, de sorte que o verdadeiro jornalismo, nessa perspectiva, teria de ser um jogo de soma zero. Ora, desnecessário dizer que isso 1) atenta contra a objetividade; 2) iguala uma prática política democrática, ainda que se possa discordar dela, a golpistas.


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