Comunidade internacional da geologia tenta formalizar o período geológico mais antigo, o Criogeniano, marcado pelas maiores glaciações da Terra.



Comunidade geológica se vê envolvida na definição do novo marco de um período geológico conhecido como Criogeniano, um dos períodos mais antigos da história da Terra, marcado por intensas eras glaciais. A discussão em torno deste período se soma à tentativa de formalização do Antropoceno, evidenciando a complexidade da escala temporal geológica. Mas como os cientistas calculam essa escala e definem as unidades de tempo geológico?

Para compreender a vastidão do tempo geológico, os geocientistas dividem os 4,5 bilhões de anos da Terra em categorias marcadas por eventos ou estágios evolutivos. A maior unidade de tempo geológico, os éons, são divididos em Hadeano, Arqueano, Proterozoico e Fanerozoico. Cada éon é subdividido em eras, que por sua vez são divididas em períodos, e estes, em épocas. Dessa forma, a escala de tempo geológico é composta por éons, eras, períodos e épocas.

Para determinar o início e o término de cada unidade de tempo geológico, os cientistas buscam por markers específicos no registro geológico que evidenciem mudanças significativas. No caso do Antropoceno, o impacto do ser humano nos sistemas naturais, como as mudanças climáticas geradas pela ação antrópica, foi o critério usado para justificar a formalização desse período.

Em relação ao Criogeniano, que se refere a um período em que a Terra viveu suas principais eras glaciais, o desafio está em encontrar evidências concretas que marquem a transição de um planeta quente para um planeta completamente congelado. Tarefa complexa dado que muitas das rochas dessa idade já foram impactadas por cerca de 700 milhões de anos de intemperismo e erosão.

Uma das principais dificuldades na formalização desses períodos mais antigos é a escassez de marcos geológicos globais em localidades do hemisfério sul. Dessa forma, a pesquisa geológica em regiões como América do Sul, África e sul da Ásia se torna fundamental não apenas para o desenvolvimento dessas nações, mas também para o avanço do conhecimento científico global.

O desafio agora é definir o início e propor um local para inserir o marco que delimitará o início do Criogeniano na escala geológica. Ainda assim, a busca por registros que atestem a transição de um planeta quente para um planeta congelado continua, com algumas potenciais evidências já aparecendo nas ilhas Garvellach, na costa oeste da Escócia.

Com exceção do período Ediacarano, onde foi formalizado um Global Boundary Stratotype Section and Point (GSSP), a maioria das outras unidades de tempo são definidas informalmente e aguardam a delimitação de um GSSP. Cada nova formalização de um período geológico mais antigo exige a descoberta de um novo GSSP, e a pesquisa geológica em diversas regiões do planeta se mostra crucial para este avanço.

Assim, a busca pela formalização do Criogeniano demonstra não apenas a complexidade da escala temporal geológica, mas também a importância da pesquisa geológica em nível global para o avanço do conhecimento científico.

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