Crise humanitária de migrantes na região de Darién exige cooperação internacional e medidas de proteção, alertam especialistas

Recentemente, o ACNUR (Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados) divulgou relatos chocantes sobre a situação dos migrantes na região de Darién, entre o Panamá e a Colômbia. Segundo a representante do ACNUR, várias pessoas relataram ter visto corpos ao longo do caminho, sendo que aqueles que não viram os corpos, sentiram o forte odor. Esses relatos evidenciam a extrema vulnerabilidade enfrentada pelos migrantes nessa região.

De acordo com Abel Núñez, diretor-executivo da CARECEN, organização que apoia imigrantes nos Estados Unidos, a ausência de assistência local agrava ainda mais a vulnerabilidade dos migrantes. Para muitos governos locais, esses migrantes são considerados uma ameaça à segurança, resultando em políticas de exclusão ao invés de políticas de assistência. O diretor-executivo ainda denunciou o tratamento discriminatório dado pelos prefeitos da região de Darién, que descrevem os imigrantes como uma “praga” e atribuem a eles a criminalidade existente na área.

É importante reconhecer, no entanto, que muitos dos países de trânsito não possuem recursos suficientes para sustentar suas próprias populações, quanto mais para lidar com o grande influxo de migrantes. Margarida Loureiro, representante do ACNUR, destaca a solidariedade das comunidades indígenas que têm acolhido os migrantes há décadas. No entanto, toda a ajuda oferecida até o momento ainda é insuficiente diante da escala da tragédia.

Um dos grandes desafios é o acesso à região de Darién, que é notoriamente remota e perigosa até mesmo para as autoridades de fronteira e os agentes humanitários. Giuseppe Loprete, representante da OIM (Organização Internacional para as Migrações), ressalta que a crise em Darién exige uma resposta supranacional. O Panamá tem recebido reconhecimento pelos esforços realizados, no entanto, especialistas concordam que somente por meio de uma cooperação internacional e de uma responsabilidade compartilhada será possível enfrentar essa crise humanitária e de proteção.

Loureiro destaca a necessidade de expandir os canais regulares para refugiados e migrantes, fortalecer o sistema de asilo e encontrar alternativas de proteção na região. Além disso, é fundamental promover a estabilidade nos países de origem dessas pessoas, para evitar que elas sejam forçadas a deixar suas casas.

Loprete também questiona a eficácia das deportações, afirmando que historicamente elas têm pouco impacto sobre os fluxos migratórios. A tendência é que as pessoas deportadas voltem a se deslocar através de canais irregulares. Diante disso, é necessário buscar soluções mais abrangentes e humanitárias para lidar com essa crise complexa.

Em resumo, a situação dos migrantes na região de Darién é extremamente preocupante e exige uma resposta coordenada e solidária por parte dos Estados. A falta de assistência local, a discriminação e a ausência de recursos adequados tornam essa experiência ainda mais traumática para os migrantes. É imprescindível que se promova a cooperação internacional e se adotem medidas eficazes para proteger e amparar essas pessoas em vulnerabilidade.

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