Os donos da 123milhas deveriam ter comparecido à CPI na terça-feira passada (29), porém, informaram que o depoimento teria que ser adiado devido à ausência do advogado que os representa. Apesar de um novo agendamento ter sido feito para o dia seguinte, os empresários não compareceram, alegando uma reunião previamente marcada com o ministro do Turismo. Esses dois cancelamentos causaram irritação nos integrantes da comissão.
Na decisão do juiz Grillo, ele afirmou que os irmãos têm a obrigação jurídica de comparecer à CPI e que não podem escolher a data em que isso irá acontecer. No entanto, o juiz negou a solicitação de confiscar os passaportes dos sócios, considerando que a condução coercitiva até Brasília, se for necessária, será suficiente. A ordem de permanecer no país vale até às 23h59 de quarta-feira.
A empresa 123milhas está em recuperação judicial e já enfrentava 16.639 ações judiciais até quinta-feira passada (31), a maioria delas movidas por consumidores que se sentiram lesados ao comprar pacotes e passagens promocionais que não foram entregues. A empresa suspendeu a venda de bilhetes aéreos de linha promo, com datas flexíveis, deixando os clientes sem a opção de reembolso.
No último dia 29, a empresa entrou com um pedido de recuperação judicial, declarando dívidas de R$ 2,3 bilhões. Levantamentos feitos pela Folha com base nos dados da empresa enviados à Justiça mostram que as cinco maiores ações apresentadas, totalizando R$ 3,6 milhões, foram feitas por pessoas físicas. A maior ação busca uma indenização de R$ 1,2 milhão, enquanto a menor, entre as 16.639 ações, pede apenas R$ 6.
Há também ações movidas por pessoas jurídicas, sendo a de maior valor do Consórcio Empreendedor do Catuaí Shopping Center Maringá, no valor de R$ 341 mil, e uma ação do Kijeme Travel Hoteis, dono do resort La Torre em Porto Seguro, no valor de R$ 256 mil.