Divergências no PT sobre a relação entre resultado primário e crescimento econômico são debatidas na conferência eleitoral do partido.

O Partido dos Trabalhadores (PT) tem enfrentado divergências internas em relação à meta de déficit zero para 2024. No último sábado, durante a conferência eleitoral do partido, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e a presidente da sigla, Gleisi Hoffmann, expressaram opiniões conflitantes sobre a relação entre o resultado primário e o crescimento econômico.

Ao se dirigir a um grupo de filiados ao partido, Haddad argumentou que não existe uma correspondência automática entre déficit e avanço do Produto Interno Bruto (PIB). Ele destacou as gestões anteriores de Lula como exemplos, enfatizando que, apesar de haver um superávit primário de 2%, a economia cresceu em média 4%. Além disso, Haddad mencionou a expansão de gastos em 2009, durante a crise econômica global de 2008, como uma estratégia bem-sucedida.

Por outro lado, Gleisi defendeu a flexibilização da meta zero e citou medidas tomadas anteriormente por Lula, como a ampliação das reservas cambiais e o aumento do investimento estrangeiro no país, para ressaltar que a confiança no mercado não está diretamente relacionada à situação fiscal do governo.

O Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas do 5º bimestre ampliou a estimativa de déficit primário total de 2023 para R$ 177,4 bilhões, representando 1,7% do PIB. Essa discordância reflete a incerteza em relação à situação econômica do país e às políticas monetárias e fiscais a serem adotadas para promover o crescimento econômico.

Apesar das diferentes opiniões, Haddad e Gleisi enfatizaram a importância de promover um debate franco e construtivo. Haddad defendeu uma pactuação do orçamento, visando a qualidade dos gastos, e reconheceu a necessidade de ajustes na política monetária do governo para impulsionar o crescimento econômico. Ele enfatizou que não existe uma solução mágica para os problemas econômicos do país, mas sim um conjunto de medidas que devem ser adotadas para organizar uma saída consistente.

Essas discussões destacam a complexidade da conjuntura econômica do Brasil e a necessidade de um planejamento estratégico para enfrentar os desafios relacionados ao déficit e ao crescimento econômico. O debate dentro do PT reflete as divergências que permeiam a esfera política e econômica do país, alimentando um diálogo crítico e propositivo sobre o futuro do Brasil.

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