Dossiê revela conflitos de Clã Lira e Pereira com indígenas e camponeses por terras e poder político no Nordeste.







Artigo Jornalístico


Dossiê revela conflitos e negócios escusos dos clãs Lira e Pereira

Um dossiê recentemente compilado revelou que 115 fazendas pertencentes aos clãs Lira e Pereira estão envolvidas em conflitos com indígenas e camponeses, escondendo um lado escuro e oportuno dos negócios dos clãs.

A origem desse patrimônio remete à compra de terras que são objeto de reivindicações por parte de povos indígenas e camponeses, como é o caso de seis fazendas administradas pelos herdeiros de Adelmo Pereira, primo da mãe de Arthur Lira, em São Brás (AL), às margens do Rio São Francisco, ocupando parte da Terra Indígena (TI) Kariri-Xocó. O gado criado nessas fazendas é vendido para o frigorífico Dom Grill, fundado por um dos netos do patriarca, o que contribui para que esse ciclo de negócios envolvendo família e empresas lucrativas seja mantido.

Bois da família Pereira pastam sobre área homologada da TI Kariri-Xocó

Os Kariri-Xocó vivem confinados em uma área de 600 hectares em Porto Real do Colégio, devido às fazendas dos Pereira, que são o principal obstáculo à expansão dessa população, que busca a preservação de sua cultura, território e sobrevivência.

Na outra ponta do império agropecuário do clã, Arthur Lira, presidente da Câmara, promoveu violências, como a reintegração de posse movida contra agricultores em Quipapá (PE), obrigando-os a sair do local em que viviam há mais de 50 anos. Essas ações são apenas parte das truculências cometidas em nome do lucro e da posse de terras.

Esquemas e Benefícios Escusos

Além dos conflitos e da violência promovida, as empresas dos Pereira lucram em licitações públicas com prefeituras em um claro favorecimento dos negócios do clã. Até mesmo a compra de carne para as prefeituras é feita junto ao Dom Grill, gerando um montante de pelo menos R$ 8,31 milhões em transações.

Licitações beneficiam negócios rurais do clã Pereira

E não é apenas para a prefeitura que os negócios do clã Pereira são direcionados. Com a eleição de Lula em 2022, Arthur Lira fortaleceu ações junto ao Consórcio Intermunicipal do Agreste Alagoano (Conagreste), comandado por dois aliados regionais, estratégia que tem o claro objetivo de assegurar o fluxo de verbas para sua base eleitoral, ainda que em detrimento de Transparência e Ética.

Desmandos e Abusos de Poder

Wilson César de Lira Santos, filho de Eliete de Lira Santos e primo de Arthur Lira, comanda o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em Alagoas. Seu cargo já foi alvo de protestos de movimentos sociais e é marcado por acusações de agressão. Enquanto mantém-se no cargo, prepara-se para enfrentar as eleições de 2024, substituindo outro primo, e fortalece o controle familiar sobre o poder local, em prática comum na família.

Por fim, Arthur Lira parece apostar no filho mais jovem, Alvinho, para dar continuidade à dinastia, preparando-o para seguir os passos da família tanto na pecuária quanto na política, o que reflete uma prática coronelista de perpetuar o poder dentro da família.

Imagem de índios Kariri-Xocó em disputa por terras

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo