PL pede cassação de André Janones por “rachadinha” em gabinete

O Partido Liberal (PL) solicitou na quarta-feira (29) a cassação do deputado federal André Janones (Avante-MG) devido às suspeitas de “rachadinha” em seu gabinete. O PL, agremiação política que tem Jair Bolsonaro como principal nome, é ligado a escândalos envolvendo esse tipo de prática. Diante disso, a Folha entrevistou apoiadores do presidente para compreender por que mostram diferentes posturas diante de casos semelhantes que envolvem congressistas acusados de apreensão indevida de parte dos salários recebidos por seus assessores.

Em suas justificativas, os apoiadores de Bolsonaro reiteram que defendem princípios cristãos, citando a condenação bíblica de quem se apropria indevidamente do dinheiro alheio. A senadora Damares Alves (Republicanos-DF) exemplificou essa posição, indo além e dizendo que espera que o acusado vá para o inferno, salientando que é pecado tirar dinheiro de trabalhadores ou de famílias, reforçando seu discurso por meio de sua posição de pastora religiosa.

Ao abordar a situação dos Bolsonaros, um dos deputados bolsonaristas disse que o partido sempre defendeu a investigação de todos os casos, mas alega que as denúncias contra o presidente foram resultado de uma armação da imprensa, alegando falta de provas concretas contra ele.

Em relação às suspeitas contra Janones, deputado que integrou a campanha de Lula (PT) em 2022, vale ressaltar que ainda não há decisão judicial sobre o caso, apenas uma investigação em andamento. Os ex-assessores que acusaram Janones não apresentaram provas publicamente de suas acusações.

Cronologia das suspeitas de ‘rachadinha’ e funcionários fantasmas no clã Bolsonaro

O envolvimento do clã Bolsonaro em casos de “rachadinha” também tem sido alvo de investigações. Em 2018, foi revelada a existência de uma funcionária fantasma por 15 anos no gabinete de Jair Bolsonaro na Câmara. O Ministério Público pediu a condenação de Bolsonaro e de sua funcionária por improbidade administrativa.

Já seu filho, Flávio Bolsonaro, enfrentou suspeitas que envolvem complexas movimentações financeiras de um de seus assessores, um cheque depositado na conta da primeira-dama, entre outros, fatores que foram alvo de investigações do Ministério Público.

Além disso, o vereador Carlos Bolsonaro também teve assessores investigados sob suspeita de serem fantasmas e de participar de esquemas semelhantes ao da “rachadinha”. As acusações continuaram transcorrendo ao longo dos anos, incluindo prisões e outras medidas legais. Embora os Bolsonaros neguem as acusações, muitas evidências foram reunidas ao longo do tempo.

O partido PL reitera a gravidade dos casos, destacando que não se trata apenas de corrupção, mas de tratamento inadequado em relação aos seus assessores, incluindo ameaças e assédio moral. A gravidade dessas acusações tem gerado indignação entre os parlamentares da agremiação.