Eduardo Cunha critica veementemente a possibilidade de anulação do impeachment de Dilma, classificando-a como ridícula e destituída de lógica.

O ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, criticou a proposta do PT de anular simbolicamente o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, considerando-a “ridícula” e sem lógica. Cunha, que foi o responsável pela abertura do processo de impeachment em dezembro de 2015, afirmou que o impeachment não se deu pelas pedaladas fiscais, mas sim pela edição de decretos orçamentários sem a autorização do Congresso Nacional.

Segundo Cunha, as pedaladas fiscais ocorreram durante o primeiro mandato de Dilma, em 2014, e ele não aceitou o pedido de impeachment baseado nessas irregularidades. O argumento utilizado para o afastamento da ex-presidente foram os decretos orçamentários editados por ela sem a devida autorização do Congresso. Cunha ressaltou que dizer que Dilma foi impichada pelas pedaladas é um discurso político e não tem relação com o impeachment real.

O processo de impeachment de Dilma foi deflagrado por Cunha após o PT votar a favor de um pedido de cassação do mandato do ex-deputado, acusado de mentir ao falar sobre suspeitas de corrupção. Cunha negou ter agido por retaliação e afirmou que Dilma foi acusada de editar decretos de créditos suplementares sem aval do Congresso e de usar dinheiro de bancos federais em programas do Tesouro para expandir artificialmente a capacidade fiscal, as chamadas pedaladas fiscais. O processo de impeachment foi acompanhado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) sem contestações.

Cunha também questionou o uso da decisão do TRF-1 que manteve o arquivamento de ação de improbidade contra Dilma no caso das pedaladas fiscais. Ele afirmou que a decisão apenas indicava que Dilma não poderia ser processada duplamente pelo mesmo fato, já que ela já havia sido responsabilizada pela Lei de Responsabilidade Fiscal.

O ex-presidente Lula, em entrevista em Angola, defendeu a discussão sobre como reparar Dilma, que atualmente preside o banco do Brics. Enquanto isso, a bancada do PT na Câmara apresentou a proposta de anulação simbólica do impeachment, porém aliados do presidente da Casa, Arthur Lira, afirmam que ele não pretende colocar o projeto em votação.

Cunha tem participado de articulações políticas nos bastidores e cultivado laços com o partido Republicano, que negocia entrar no primeiro escalão do governo Lula. Ele concorreu a uma vaga de deputado federal pelo PTB em São Paulo no ano passado, mas não foi eleito. No entanto, sua filha, Dani Cunha, conseguiu se eleger para a Câmara pela União Brasil-RJ. Cunha afirmou que ainda não saiu formalmente do PTB, mas pretende sair e voltar a disputar eleições. Ele considera que não conseguiu fazer uma campanha eleitoral a tempo e em condições de sucesso em São Paulo.

No fim de maio, a Segunda Turma do STF decidiu anular uma condenação de Cunha, sendo mais um revés da Lava Jato nos processos contra o ex-deputado. Em 2021, ele teve outras duas sentenças anuladas. Cunha foi responsável pela formação do blocão, grupo de deputados de centro e oposição ao PT, ampliando o desgaste de Dilma com a Câmara. Ele diferencia esse consórcio de partidos do atual centrão, liderado por Lira, e afirma que a maioria do Congresso tem sido eleita por uma população conservadora, o que pode indicar um crescimento do centrão.

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