Essa notícia era especialmente relevante para um grupo de brasileiros que havia solicitado ao Itamaraty a sua remoção da região e acabou ficando retido lá enquanto aguardava um acordo para que o governo egípcio permitisse a entrada dos refugiados, além da anuência dos israelenses do outro lado da fronteira. Com a reabertura da rota de fuga, a espera de cinco dias desses brasileiros poderia finalmente chegar ao fim.
As negociações para esse cessar-fogo incluíram a tensa remoção de 16 brasileiros da cidade de Gaza, após Israel dar um ultimato para que todos os palestinos vivendo na porção norte da Faixa de Gaza se deslocassem para o sul do território. Esse grupo de brasileiros era formado por 10 crianças e estava abrigado em uma escola da Cidade de Gaza. No sábado, eles foram transferidos para uma casa alugada pela embaixada brasileira em Rafah, próxima à fronteira com o Egito.
No fim de semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva conversou com o presidente egípcio, Abdul Fattah al-Sisi, garantindo que os brasileiros seriam evacuados imediatamente. No entanto, os egípcios alegaram problemas de segurança devido aos bombardeios, o que demandava coordenação com Israel. A previsão era de que os brasileiros fossem recolhidos por um avião Embraer-190 da Presidência, que estava em Roma aguardando autorização para pousar no aeroporto de Al Arish, a 45 km de Rafah.
Essa saga do grupo de brasileiros começou no sábado anterior, com os ataques terroristas do grupo palestino Hamas, que governa Gaza desde 2007. A reação israelense tornou-se a maior operação de guerra do país em 50 anos. No entanto, apesar dos Estados Unidos afirmarem que haveria abertura para a saída de estrangeiros de Gaza, isso não aconteceu. O comboio dos brasileiros foi cancelado de última hora após um aviso dos israelenses, que controlam a “porta de saída” de Gaza, enquanto os egípcios operam a “porta de entrada” do seu país.
O embaixador brasileiro na Cisjordânia, Alessandro Candeas, explicou que essa situação levou à decisão de levar os brasileiros para perto da fronteira com o Egito, para que assim que a janela de oportunidade se abrisse, eles pudessem passar e entrar em segurança no país vizinho.