Eleições argentinas: Disputa entre conservador, ultraliberal e peronista revela complexidade política do país.

A disputa presidencial na Argentina tem apresentado uma complexidade política que vai além dos rótulos de esquerda e direita. No primeiro turno, tivemos três candidatos competitivos: Patricia Bullrich, que representa o campo conservador e identificado com a centro-direita; Javier Milei, um ultraliberal rotulado como extrema direita; e Sergio Massa, um peronista que promete defender os trabalhadores e direitos sociais no enfrentamento da crise do país.

Dessa forma, é natural enxergar Massa como o elemento de esquerda dessa disputa, o candidato mais progressista. No entanto, a única candidata de esquerda no primeiro turno foi Myriam Bregman, que acabou como última colocada. Portanto, é importante compreender melhor o peronismo e o que ele representa na Argentina atual.

O peronismo surgiu na década de 1940, durante um período de mudanças no país. Juan Domingo Perón, um militar que se aproximou dos trabalhadores e movimentos sindicais, criou benefícios como salário mínimo e 13º, o que desagradou as elites e o levou à prisão. A mobilização popular em sua defesa ficou conhecida como “patas en la fuente” e resultou na sua libertação. Perón foi eleito presidente e o peronismo se tornou uma corrente política que dialogava tanto com a esquerda quanto com a direita.

Ao mesmo tempo em que promovia benefícios e melhoria na qualidade de vida, Perón aumentava seu controle sobre os sindicatos. O peronismo foi inspirado no fascismo italiano, com a essência do corporativismo, ou seja, a união de classes como contraponto à luta de classes. Durante seu mandato, a Argentina passou por mudanças econômicas, com a industrialização e inclusão dos trabalhadores na política.

Após um golpe militar e exílio de Perón na Espanha, o peronismo entrou em uma fase de resistência. A mobilização operário-estudantil conhecida como Cordobazo e a emergência da organização político-militar “montoneros” marcaram esse período. Com o regresso de Perón em 1972, teve início uma terceira fase do peronismo, que durou até sua morte em 1974.

A disputa presidencial na Argentina reflete essa complexidade do peronismo, com diferentes candidatos representando diferentes vertentes desse movimento político. Ainda que Massa seja o candidato mais próximo da esquerda, é importante considerar que o peronismo vai além dessa classificação tradicional de esquerda e direita.

A crise econômica e a inflação são grandes desafios para o próximo presidente argentino, independentemente de sua vertente política. Compreender a história e os diversos aspectos do peronismo é fundamental para uma análise mais completa e precisa dessa disputa presidencial.

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