Eleições regionais na Colômbia enfrentam aumento da insegurança e podem se tornar termômetro para governo de Gustavo Petro

Neste domingo (29), a Colômbia vai às urnas para eleger mais de 20 mil cargos, incluindo governadores, prefeitos, deputados e vereadores. No entanto, a eleição ocorre em meio a um aumento da insegurança, que tem dominado as agendas de campanha, especialmente nas grandes cidades como Bogotá, Cali e Medellín.

A oposição utiliza as eleições regionais como um termômetro para avaliar o governo de Gustavo Petro, primeiro presidente de esquerda do país. Petro tem enfrentado uma série de crises em menos de dois anos de mandato. No entanto, especialistas acreditam que as disputas locais podem ter dinâmicas próprias.

Na capital Bogotá, um dos pontos de discórdia é a construção do metrô. O favorito é Carlos Fernando Galán, que propõe seguir com a construção do transporte elevado. Já o candidato governista Gustavo Bolívar deseja manter o plano de metrô subterrâneo desenvolvido quando Petro era prefeito.

Os dois concorrem com o independente Juan Daniel Oviedo, que se apresenta como acadêmico e técnico, apesar de já ter atuado como assessor de uma senadora conservadora. Bogotá é a única cidade onde pode ocorrer um segundo turno, caso nenhum candidato obtenha 40% dos votos e mais de dez pontos de diferença.

Em Medellín, a eleição também ganha importância nacional. Federico Gutiérrez, ex-prefeito e adversário de Petro na eleição presidencial de 2022, é considerado praticamente certo como próximo prefeito, de acordo com as pesquisas. Enfrentando-o está Juan Carlos Upegui, candidato governista que está muito atrás nas pesquisas.

Andrés Lodoño Niño, cientista político da Escola Superior de Administração Pública e da Universidade Nacional da Colômbia, argumenta que cada eleição tem suas próprias dinâmicas, apesar das eventuais tensões em relação ao governo nacional. Ele ressalta que o Pacto Histórico, coalizão de Petro, não tem uma presença forte em muitos municípios.

A insegurança tem sido um tema central nessas eleições. De acordo com o Departamento Administrativo Nacional de Estadística (Dane), o percentual de colombianos que se sentem inseguros aumentou de 44% para 53% entre 2021 e 2022. Os furtos cresceram 23% no primeiro semestre, em comparação com o mesmo período do ano anterior, enquanto a taxa de homicídios se manteve relativamente estável nos últimos anos, em torno de 26 casos por 100 mil habitantes.

Os candidatos locais têm focado grande parte de suas campanhas nesse tema, propondo medidas como o aumento do efetivo policial, a instalação de câmeras nas ruas e até mesmo “megaprisões” inspiradas no presidente salvadorenho Nayib Bukele. No entanto, também preocupa o aumento das ameaças e episódios de violência contra políticos e jornalistas.

Gustavo Petro tem sido criticado pela piora do panorama da segurança, apesar de seus esforços para negociar a paz com grupos como os dissidentes das Farc. Além disso, ele viu sua popularidade diminuir diante do obstáculo enfrentado pelas grandes reformas propostas nos sistemas de saúde, trabalho, previdência e justiça, que não receberam apoio no Congresso.

Outra questão importante nessas eleições são os clãs familiares tradicionais. O pesquisador Andrés Lodoño afirma: “Nas eleições regionais, em geral, os partidos tradicionais têm muita força nos territórios. Isso faz com que famílias políticas continuem tendo um poder importante”. Um exemplo disso é a família Char, que domina a cidade de Baranquilla, cidade de origem da cantora Shakira.

No total, os 39 milhões de eleitores colombianos escolherão 32 governadores, 418 deputados estaduais, 1.102 prefeitos, 12.072 vereadores e mais 6.513 membros das Juntas Administrativas Locais. As urnas estarão abertas das 8h às 16h no horário local (10h às 18h em Brasília), e a contagem dos votos pode durar até a meia-noite.

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