Em plebiscito, os votantes do Equador se opõem à exploração de petróleo na Amazônia, rejeitando planos de desenvolvimento industrial na região.

No último domingo (20), o Equador realizou um plebiscito histórico que teve como resultado a proibição da exploração de petróleo em uma parte da Amazônia equatoriana. Além de definir os dois candidatos que disputarão a Presidência do país em outubro, os equatorianos foram às urnas para decidir sobre a continuidade das atividades de extração de petróleo do Parque Nacional Yasuni, uma das áreas ambientais mais ricas do mundo, na fronteira com o Peru.

Com 70% das urnas apuradas, 59% dos eleitores responderam “sim” à seguinte consulta popular: “Você concorda que o governo equatoriano mantenha o petróleo do ITT [Ishpingo, Tambococha e Tiputini], conhecido como bloco 43, indefinidamente sob o subsolo?”. Apesar da confusa formulação da pergunta, o resultado implica na retirada progressiva e ordenada de todas as atividades relacionadas à extração de petróleo que atualmente ocorrem no Parque Nacional Yasuni em até um ano, além de proibir a realização de novos contratos.

Apesar de o Parque Nacional Yasuni ter sido declarado uma “reserva da biosfera” pela UNESCO em 1989, a estatal Petroecuador tem extraído petróleo do bloco 43 desde 2016, com a permissão do então presidente Rafael Correa. Correa tentou criar um fundo de preservação ambiental com aportes internacionais para evitar a exploração, mas a iniciativa não teve sucesso.

Os defensores do “não” argumentaram que a paralisação acarretará em perdas de receitas para o país, que já enfrenta uma grave crise de segurança. Já os apoiadores do “sim” ressaltaram o alto impacto da atividade para a natureza e os povos indígenas da região. A polêmica ganhou a atenção de celebridades como o ator de Hollywood Leonardo DiCaprio e a ativista ambiental Greta Thunberg.

O Parque Nacional Yasuni abriga mais de 1 milhão de hectares e possui uma rica biodiversidade, incluindo 2.000 espécies de árvores e arbustos, 204 espécies de mamíferos, 610 espécies de pássaros, 121 espécies de répteis, 150 espécies de anfíbios e 250 espécies de peixes. Além disso, é o lar de várias populações indígenas, incluindo duas das últimas tribos “isoladas”.

De acordo com estimativas do governo equatoriano, o bloco 43 contribui com 12% dos 466 mil barris de petróleo produzidos diariamente no país. A gestão do atual presidente, Guillermo Lasso, afirma que o fechamento das operações resultará em uma perda de US$ 1,2 bilhão por ano em receitas para o Equador, o equivalente a 0,1% do Produto Interno Bruto (PIB) local.

Apesar das controvérsias e da confusão gerada pela formulação da pergunta no plebiscito, os equatorianos optaram pela retirada das atividades de extração de petróleo da Amazônia. Esse resultado é considerado um exemplo que pode inspirar outros países a tomar medidas semelhantes. “Esperamos que nosso exemplo inspire outros países a fazerem o mesmo”, afirmou Pedro Berneo, um dos líderes do grupo ambiental Yasunidos, que fez campanha pelo plebiscito nos últimos dez anos.

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