A desigualdade, de acordo com Rousseau, nasce com os direitos de propriedade, indo contra as leis da natureza. Já Adam Smith acredita que a desigualdade é resultado da criação de privilégios legais e sociais, como subsídios e monopólios. Smith defende que a desigualdade é natural dentro do funcionamento do mercado, enquanto Rousseau acredita que ela é uma consequência das leis da natureza, em conformidade com o ideal igualitário da competição de mercado.
No século 19, Karl Marx desenvolveu a Teoria da Exploração do Trabalho, enfatizando a desigualdade e os conflitos de classes como características inevitáveis do sistema capitalista. Marx argumenta que a desigualdade é produto do capitalismo, através da exploração da classe trabalhadora. Ele também identifica a falta de demanda causada pela opressão da classe trabalhadora como um gerador de crises e conflitos dentro do sistema capitalista.
John Maynard Keynes discorre sobre a distribuição desigual de riqueza nas sociedades capitalistas, destacando que, na visão dele, a classe trabalhadora recebe a menor fatia do bolo enquanto a maior fatia vai para os capitalistas. Keynes também aborda o papel do Estado no desenvolvimento econômico.
Joseph Schumpeter acredita que a desigualdade é essencial e é resultado da mudança e inovação tecnológica, que recompensa os promotores dessa mudança. Ele vê a interferência do Estado como um problema na busca pela igualdade.
Por fim, Kuznets analisa a relação entre desigualdade e crescimento econômico, destacando como as desigualdades categóricas, como raça, gênero, nacionalidade e status legal, reforçam as desigualdades econômicas. Ele argumenta que onde essas desigualdades estão institucionalizadas, não há democracia.
No contexto brasileiro contemporâneo, uma reflexão importante surge a partir dos argumentos do empresário bolsonarista Winston Ling, que defende a necessidade de mais desigualdade. Esse posicionamento vai contra diversos pensadores e teorias apresentadas por Galbraith, que enfatizam a importância da redução das desigualdades para o desenvolvimento econômico e social.
A desigualdade no Brasil é uma realidade alarmante, com milhares de pessoas vivendo em condições precárias nas ruas. O pensamento de Ling, em defesa da desigualdade como fonte de progresso, entra em conflito direto com a realidade vivenciada pelos mais vulneráveis.
É necessário realizar uma reflexão sobre qual tipo de desigualdade estamos analisando e em que contexto isso ocorre. Além disso, devemos considerar os limites aceitáveis para a desigualdade, levando em conta os impactos sociais e econômicos que ela pode gerar.
Galbraith sugere algumas medidas para reduzir as desigualdades, como políticas antitruste, livre comércio, impostos progressivos, investimentos em educação e formação profissional, entre outros. No entanto, é preciso ir além e promover mudanças estruturais para combater a desigualdade, levando em consideração a interseccionalidade e a influência de fatores como raça, gênero e nacionalidade.
Em conclusão, a desigualdade é um tema complexo e multifacetado, que envolve diferentes correntes de pensamento. No contexto brasileiro, é preciso repensar os discursos que defendem a desigualdade como fonte de progresso, levando em conta a realidade vivenciada pelas pessoas em situação de vulnerabilidade. A redução das desigualdades deve ser uma prioridade na busca por um país mais justo e democrático.