Os entregadores de comida em Nova York enfrentam perigos constantes nas ruas movimentadas da cidade. Recentemente, soubemos da trágica morte de Félix Patricio Teófilo, um imigrante mexicano que, assim como outros companheiros, ganhava a vida como entregador de comida. Patricio faleceu em um acidente de bicicleta, deixando os colegas de trabalho consternados.
Em homenagem a Patricio, Sergio Solano, de 39 anos, juntamente com outros entregadores, realizaram um gesto de solidariedade ao levar uma bicicleta branca até uma passarela próxima à sede das Nações Unidas em Nova York. A bicicleta foi tingida com tinta spray e presa na grade próxima ao local do acidente. Este ato simbólico visava chamar a atenção para a situação dos entregadores e demonstrar solidariedade aos que perderam a vida no trabalho.
A morte de Patricio é apenas um dos muitos casos de acidentes fatais que envolvem entregadores de comida. Nas ruas da cidade, os riscos são constantes, desde acidentes de trânsito até crimes. No entanto, a tragédia nem sempre termina com a morte do entregador. A página “El Diario de Los Deliveryboys en La Gran Manzana”, criada por Sergio Solano e outros entregadores há mais de três anos, tem registrado mais de 40 mortes de entregadores desde o final de 2020.
Essas mortes revelam a falta de proteção e segurança para os entregadores, que enfrentam perigos diariamente. O relatório municipal de 2022 indicou que a taxa de mortalidade entre os entregadores de comida que não usam carro superou a dos trabalhadores da construção civil, historicamente uma das indústrias mais perigosas.
Apesar dos perigos, os entregadores foram celebrados durante a pandemia de Covid-19, quando os serviços de delivery se tornaram essenciais. No entanto, à medida que a pandemia se arrastava, as condições de trabalho e os riscos associados se tornaram cada vez mais evidentes para a comunidade de entregadores.
A página “El Diario de Los Deliveryboys en La Gran Manzana” se tornou um ponto de apoio para a comunidade de entregadores, denunciando situações de risco, organizando vigílias e mobilizando ações em nome dos companheiros perdidos. Apesar das críticas, como a reclamação por barulho durante as vigílias, as homenagens têm sido cruciais para dar um último adeus aos entregadores que perderam a vida nas ruas de Nova York.
A página também tem sido um espaço para denunciar casos de roubo de bicicletas, acidentes de trânsito e crimes relacionados ao trabalho dos entregadores. Além disso, as homenagens públicas têm ajudado a garantir que cada entregador morto seja lembrado, remetendo às despedidas ritualísticas de policiais que morrem cumprindo o dever.
O gesto simbólico de levar a bicicleta branca à passarela nas proximidades das Nações Unidas foi uma forma de transmitir a mensagem desses entregadores e chamar a atenção para a necessidade de proteção e valorização desses trabalhadores incansáveis, que arriscam suas vidas diariamente para levar comida aos nova-iorquinos. A tragédia da morte de um entregador não pode ser esquecida. Esses trabalhadores merecem respeito, segurança e reconhecimento pela crucial contribuição que fazem para a cidade de Nova York.
