Em recente entrevista ao Il Manifesto, o renomado historiador Ilan Pappé abordou questões crucialmente importantes sobre o futuro dos territórios ocupados e as políticas coloniais de Israel. Pappé expressou sua visão sobre as possíveis divisões dos territórios palestinos, destacando a diversidade de opções e possibilidades que Israel pode considerar. Segundo ele, uma das propostas em discussão inclui a criação de uma “Área A- ou B+” em Gaza, que envolveria a entrega de parte da faixa de Gaza à Autoridade Nacional Palestina para a criação de uma zona de segurança. No entanto, Pappé enfatizou a absurdez dessa ideia, apontando que a faixa de Gaza tem apenas 12 quilômetros de largura em sua parte mais abrangente, tornando a proposta impraticável.
Além disso, o historiador discutiu a proposta mais radical da extrema-direita, que envolve uma “limpeza étnica” para expulsar os palestinos para o Egito ou para o sul de Gaza. Pappé destacou que é incerto o que o futuro reserva e como o mundo reagirá a essas possíveis mudanças, incluindo a perspectiva de uma guerra no norte com o Líbano ou o surgimento de uma nova Intifada na Cisjordânia. Ele ainda abordou a negação da Nakba por Israel, observando que o tema tem gerado controvérsias entre diferentes setores políticos no país.
Pappé é conhecido por sua extensa análise sobre o sionismo como um movimento colonialista, e como o crescimento do extremismo de direita em Israel reflete as raízes ideológicas do sionismo. Ele ressaltou o confronto entre o sionismo secular e o sionismo religioso na sociedade israelense, argumentando que essa tensão ideológica tem desempenhado um papel significativo nas políticas atuais. Além disso, Pappé alertou para o perigo representado pelo que ele descreve como uma ideologia judaica messiânica, fundamentalista e racista que tem se intensificado.
O autor também previu uma mudança de paradigma, indicando que a influência do sionismo está diminuindo e que a sociedade israelense está enfrentando um momento de transformação ideológica. Ele enfatizou que essa mudança é influenciada pelo contexto global, destacando o movimento crescente de solidariedade internacional em apoio à questão palestina. Pappé enfatizou a importância de conectar as lutas contra as injustiças em todo o mundo, a fim de enfrentar as políticas israelenses.
