Escândalo envolvendo terreno da Vai-Vai revela polêmicas, fraudes e suposta ligação com o PCC em matéria exclusiva da Folha.







Vai-Vai enfrenta obstáculos para construção de nova sede

Vai-Vai enfrenta obstáculos para construção de nova sede

Após a emocionante apresentação do projeto da nova sede da escola de samba Vai-Vai, um terreno foi adquirido para abrigar a agremiação de São Paulo. Entretanto, o sonhado projeto parece longe de se tornar realidade após mais de dois anos do anúncio.

De acordo com um processo que tramita na Justiça paulista, o terreno adquirido para a escola está localizado em uma zona que, teoricamente, não permite a construção de edifícios desse tipo. O Ministério Público aponta que o zoneamento da área prevê destinação habitacional para parte da construção, devido à classificação como zona “especial de interesse social”. Essa classificação requer que 60% da área construída seja destinada a habitação para a população com renda entre zero e três salários mínimos, conforme a Promotoria.

O promotor Arthur Moreira Barbosa destacou que o projeto da sede da Vai-Vai anunciado anteriormente previa somente uso não residencial, o que não está de acordo com as regras estabelecidas. Além disso, a capacidade da futura sede para 2.500 pessoas requer um estudo de impacto na vizinhança, que ainda não foi realizado. A Secretaria de Urbanismo e Licenciamento informou que não há alvará deferido para liberar obra no local.

Acordo polêmico

A saga da construção da nova sede da Vai-Vai ainda inclui uma polêmica negociação envolvendo a Acciona, responsável pela construção da linha 6-laranja do metrô. A compra do terreno e o pagamento da construção da nova sede envolveram um acordo de indenização de R$ 9,3 milhões à escola de samba, com parte desse valor indo para o então diretor financeiro da Vai-Vai, Luiz Roberto Marcondes Machado de Barros. Segundo a polícia, Luiz Roberto teria vendido o terreno por R$ 6,8 milhões, gerando um lucro de R$ 4 milhões. A área adquirida pela Acciona foi escolhida pela própria Vai-Vai, mas o terreno pertencia a Luiz Roberto, que é apontado pela polícia como suposto integrante do PCC, atuando na região como chefe da facção criminosa.

Diante dessas revelações, a nova sede da Vai-Vai encontra-se paralisada devido a uma decisão judicial. A escola alega que não tinha conhecimento da limitação da área e que pretendia construir a sede social da escola e não a quadra de ensaios. Porém, agora está sem local definitivo, ensaiando na quadra do Sindicato dos Bancários. A advogada de defesa de Luiz Roberto reforçou que todas as transações comerciais feitas com a escola foram lícitas e declaradas às autoridades competentes. Além disso, negou qualquer relação do seu cliente com o PCC, afirmando que Luiz Roberto frequentava a Vai-Vai desde criança e desconhecia qualquer ligação da escola com o crime.

Ligação com o PCC

Segundo a polícia, Luiz Roberto possui passagens por diversos crimes, incluindo formação de quadrilha, uso de documento falso, e porte ilegal de armas. Ele esteve preso por cerca de dez anos e tem processos em andamento sob a suspeita de lavagem de dinheiro. Apesar disso, a advogada de defesa nega qualquer relação de seu cliente com as atividades criminosas.

O caso revela uma série de desafios e contradições envolvendo a construção da nova sede da Vai-Vai, que parece longe de se tornar realidade devido aos entraves legais e às controversas negociações que envolveram o terreno. A escola enfrenta uma situação desafiadora e busca soluções para viabilizar seu tão sonhado novo espaço, que continua, por enquanto, apenas no papel.


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