Escândalo na Agência Brasileira de Inteligência expõe falhas e desorganização na administração do governo atual.

ERRO ABSURDO

Em vez de trocar toda cadeia hierárquica, o atual governo permitiu que houvesse uma dança de cadeiras, de modo a que práticas e conteúdos viciosos ficaram a circular por lá, a exemplo do que aconteceu com o GSI (Gabinete da Segurança Institucional)? Santo Deus! O dia 8 de janeiro de 2023 não foi suficientemente eloquente?

Se não houve uma “Abin de Bolsonaro”, em sentido estrito, é preciso admitir que existiam, quando menos, dirigentes de tal sorte próximos ao mandatário que este conseguiu transferir ao diretor-geral prestígio junto ao eleitorado de extrema-direita, a ponto de elegê-lo deputado federal e fazê-lo o ungido desse grupo ideológico para disputar a Prefeitura do Rio.

Pergunte-se: existe hoje uma “DOC Lula” (Denominação de Origem Controlada) na Inteligência, assim como Ramagem carrega a “DOC Bolsonaro”? A simples inferência seria ridícula.

Houve, neste governo — e conviria que o Planalto reconhecesse — uma administração incompetente da área. Querem ver? O número dois, Alessandro Moretti, tem esta biografia, segundo página oficial:

“Alessandro Moretti ocupa o cargo de diretor adjunto da Agência Brasileira de Inteligência desde março de 2023. Antes, o delegado federal foi diretor de Inteligência Policial (2022 a 2023) e de Tecnologia da Informação e Inovação (2021 a 2022) da Polícia Federal. Em sua carreira, também ocupou o cargo de diretor de Gestão e Integração de Informações da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), em 2020. Ainda atuou na Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal como secretário, secretário-executivo e secretário-adjunto (2018 a 2020).”

Não preciso endossar os indícios apontados pela PF de que a atual Abin tentou obstar a investigação. Até outubro do ano passado, o “Número Três” da repartição era Paulo Maurício Fortunato, justamente o principal responsável por operar a ferramenta “FirstMile”, que está no centro do imbróglio.

Então volto ao ponto que abre este artigo: o presidente demitiu o Número Um do Exército no 21º dia no cargo, mas não consegue fazer o que deve em ente bem menos relevante? Vamos ser claros? Enquanto a investigação da PF merecer credibilidade, e não vejo por que desconfiar dela até agora, a permanência de Luís Fernando Correa na direção-geral é insustentável. Ele teria estado presente a uma reunião em que Moretti, então no comando e já em face de procedimento investigatório aberto, teria dito que tudo era mera questão política, que iria passar. E aconteceu o quê na sequência? Correa virou o chefe, e o outro se tornou seu subordinado. Fica parecendo arranjo de corporação de ofício. Não faz sentido.

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