Espanha campeã evidencia superioridade em relação ao Brasil na final do torneio.

A final da Copa do Mundo, que foi vencida pela Espanha, e a rodada do Brasileiro mostraram uma clara diferença de cultura do jogo. Enquanto as espanholas aplicam os ensinamentos de Johan Cruyff, globalizados por Guardiola, as brasileiras ainda apresentam um déficit nesse sentido. As jogadoras espanholas não esperam que uma delas assuma a função de armação, pois o melhor organizador é o “pressing”, ou seja, a pressão realizada no campo de ataque.

Durante a partida entre Cruzeiro e Corinthians, o narrador Rogério Corrêa, do SporTV, destacou a saída de jogo de Luxemburgo, no tiro de meta, afirmando que marcar no campo de ataque é algo que se tornou comum no futebol brasileiro, mas com um atraso de 20 anos. Embora tenha havido times, como o Grêmio campeão da Copa do Brasil em 2001 ou o Flamengo de Cláudio Coutinho, que pressionavam os adversários na saída do tiro de meta, é assustador pensar que alguém no Brasil veja isso como uma novidade.

Esse atraso não se deve à falta de talento dos técnicos brasileiros, mas sim à falta de tempo para que os trabalhos amadureçam. Enquanto o técnico Jorge Vilda, da seleção espanhola feminina, trabalha há oito anos, treinadores brasileiros estão constantemente sendo trocados. Essa questão foi destacada por um diretor do jornal Record, em Lisboa, ao afirmar que no Brasil há técnicos portugueses que, se andassem pelas ruas de Portugal, ninguém os conheceria.

É necessário mudar o conceito de jogo no Brasil para não ficarmos ainda mais para trás. O mundo está vendo a falta de avanço do futebol brasileiro de forma mais clara do que nós mesmos. Apesar de sermos o maior exportador de jogadores do planeta, a Espanha, ao se consagrar campeã mundial feminina, exporta ideais. É importante compreender conceitos como pressão, posse de bola, amplitude e uso do espaço entre as linhas.

Não se trata apenas de vencer ou perder, mas sim de entender a transformação do jogo. Para muitos, ainda parece haver um esporte individual, disputado por 22 jogadores, em que cada um decide por si só. Porém, o futebol atual é um jogo coletivo, em que o espaço diminuiu devido ao aumento do preparo físico dos jogadores. É necessário muito treino para formar um bom time.

Na partida entre Palmeiras e Cuiabá, o primeiro gol do Palmeiras foi resultado de um trabalho coletivo árduo, em que o zagueiro Luan roubou a bola no ataque e cruzou para Raphael Veiga marcar. Já no jogo do Cruzeiro, o desabafo de Felipe Machado após sofrer o empate no último minuto evidenciou a importância do trabalho em equipe e a necessidade de não resolver um jogo sozinho.

O Brasil precisa se atualizar e compreender as mudanças do jogo. É preciso abandonar a mentalidade individualista e aproveitar as lições que a Espanha nos mostra. Afinal, a transformação do futebol é inevitável e nossa adaptação a essas mudanças é fundamental para o nosso desenvolvimento no esporte.

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