Especialistas debatem se o Brasil está preparado para enfrentar uma guerra híbrida, em meio a um contexto de confrontos e ataques sub-reptícios.




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O Brasil está preparado para uma guerra híbrida?

A cientista política destaca que, embora não seja uma vítima direta de uma guerra, o Brasil já está inserido no contexto da guerra híbrida, e aponta como exemplo o que ocorreu com a Petrobras a partir de 2013, quando, segundo ela, o Brasil vivenciou uma tentativa de revolução colorida, orquestrada por Washington.

A especialista afirma que, na época, a busca pela autonomia da Petrobras criou uma necessidade estratégica para os EUA de derrubar a presidente Dilma Rousseff. Isso porque, com o pré-sal, o petróleo seria derivado de uma fonte certa e garantida, que não tornaria o investimento em sua extração um investimento arriscado, como sempre foi, o que reverteria uma tendência histórica. Diante disso, fomentou-se uma revolução colorida, com o objetivo de depor a presidente e minar a estatal.

“Se você fala do caso da Petrobras, fala do desmonte de uma estatal que disputava a hegemonia […] em um contexto de tentativa mínima de autonomia, de uma capacidade de superar certas condições de dependência que o Brasil ainda ocupa. A gente tem que destacar a figura do pré-sal como um elemento fundamental para que se entenda a necessidade de revolução colorida que se deu em 2013, com as tais Jornadas de Junho”, explica a especialista.

Como ter paz em tempos de guerra?

Atualmente, não há consenso sobre o que é uma guerra híbrida e suas definições são sobretudo produzidas em controvérsias, que geralmente respondem por visões de mundo bastante comprometidas com o lugar geopolítico, cultural e militar de onde se fala. É o que afirma, em entrevista à Sputnik Brasil, Piero Leirner, doutor em antropologia social pela Universidade de São Paulo (USP), professor do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), pesquisador de assuntos militares e autor do livro “O Brasil no espectro de uma guerra híbrida”.

Por que as grandes guerras foram substituídas pelas guerras híbridas?

Leirner argumenta que as novas modalidades de guerra ganharam ascensão porque “se enquadram na mesma moldura das novas formas de administração da vida exigidas pelo capitalismo neoliberal, colocando nas relações de produção uma dimensão política na extração do valor do trabalho que requer a transformação objetiva e subjetiva das relações sociais em termos de uma guerra”.

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Erika diz concordar com a avaliação de que o Brasil vivenciou um período de guerra híbrida, iniciado em 2013, com as manifestações contra o aumento das passagens do transporte público. Ela acrescenta que depois, em 2014, com a reeleição da presidente Dilma, deposta em 2016, e até o final do governo de Jair Bolsonaro, em 2022, “nós fomos o tempo todo bombardeados por fake news e por informações que questionavam o processo eleitoral brasileiro”.

Ludmila Zeger e Melissa Rocha | Sputnik Brasil



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