Ex-diretor da Abin nega monitoramento de autoridades

Alexandre Ramagem, ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) no governo de Jair Bolsonaro, publicou um vídeo em seu Instagram no qual nega ter ordenado o monitoramento de autoridades usando o sistema First Mile durante sua gestão na agência. Ele também afirmou ter ordenado a revisão de processos e ferramentas da Abin, bem como uma apuração específica sobre o uso do First Mile.

Ramagem foi alvo de um mandado de busca e apreensão em janeiro deste ano por suspeita de uso ilegal da Abin para monitorar adversários políticos da família Bolsonaro. No entanto, ele nega qualquer envolvimento com essas ações e afirma que nunca determinou o monitoramento usando o First Mile, tampouco ordenou a exclusão dos registros de uso do sistema.

No vídeo, ele também aponta que o ex-secretário de Planejamento e Gestão da Abin, Paulo Maurício Fortunato Pinto, era responsável pelo controle do uso do First Mile, insinuando possíveis irregularidades por parte dele. Fortunato Pinto foi exonerado do cargo em outubro do ano passado, após a Polícia Federal apreender 171,8 mil dólares em dinheiro vivo na casa dele.

Ramagem ainda ressaltou a importância de uma utilização correta do First Mile, destacando que sua gestão na Abin buscou a transparência e a legalidade nas ações do órgão. Ele afirma ter ordenado uma revisão geral dos processos, seguida por uma investigação específica sobre o uso do First Mile. Segundo Ramagem, Fortunato Pinto se recusou a fornecer informações detalhadas sobre o sistema, o que resultou em sua exoneração.

Além disso, Ramagem mencionou um Processo Administrativo Disciplinar que incluía indícios de mau uso do First Mile, o que levou à abertura de três sindicâncias investigativas em setembro de 2021. O ex-diretor da Abin deve prestar depoimento à PF sobre a “Abin paralela” no dia 27 de fevereiro, em meio a uma investigação conduzida por um inquérito no Supremo Tribunal Federal, relatado pelo ministro Alexandre de Moraes.

Por fim, Ramagem enfatiza que a Polícia Federal não possui provas do seu envolvimento com o uso irregular do First Mile e questiona se há alguma notícia de que ele tenha ordenado, apagado registros ou adquirido o sistema de vigilância. Ele destaca que todas as auditorias do sistema foram realizadas durante sua gestão na Abin.