Procurador Deltan Dallagnol: O caso do passaporte furado

Quando era coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol se viu em uma situação peculiar. Planejando uma viagem internacional com a família, ele percebeu que sua então filha mais nova, com apenas seis meses de vida, não conseguiria obter um passaporte a tempo. Foi então que sua esposa, Fernanda Dallagnol, sugeriu uma solução inusitada: pedir ajuda a um delegado da Polícia Federal. Assim, Dallagnol entrou em contato com o delegado Felipe Hayashi, que fazia parte da equipe da Lava Jato, e expôs seu dilema. Apesar de perceber que poderia passar uma imagem de privilégio, Dallagnol conseguiu agendar a emissão do passaporte da menina para o dia seguinte, furando assim a fila.

Essa polêmica situação veio à tona em uma reportagem exclusiva da revista piauí, baseada em mensagens obtidas durante a Operação Spoofing, que investigou o vazamento de conversas no Telegram de membros da Lava Jato, conhecido como Vaza Jato. As mensagens revelaram uma série de combinações entre procuradores, incluindo Dallagnol, e o então juiz Sergio Moro, levantando questionamentos sobre a conduta da operação.

Agora, a piauí teve acesso ao conteúdo completo das mensagens de Deltan Dallagnol apreendidas na operação, totalizando quase um milhão de mensagens trocadas ao longo de cinco anos. Os repórteres tiveram a oportunidade de analisar e interpretar esse vasto material, fornecendo insights sobre a conduta do procurador.

Dallagnol, ao ser questionado sobre o episódio do passaporte, alegou que a versão atribuída a ele pode estar adulterada, justificando que não buscou vantagens pessoais e que agiu de forma regular ao contatar o delegado Hayashi. O procurador defendeu que qualquer cidadão comum poderia ter feito o mesmo, escolhendo a data desejada para retirar um passaporte. Ele rejeitou a ideia de ter burlado a fila de forma intencional, considerando tal interpretação como equivocada e ofensiva.