Governo da Colômbia e grupo dissidente das Farc retomam cessar-fogo bilateral após suspensão em maio

O governo da Colômbia e o principal grupo dissidente das Farc anunciaram no último sábado (2) a retomada do cessar-fogo bilateral que havia sido suspenso em maio. Essa suspensão ocorreu após o assassinato de quatro jovens de uma comunidade indígena nas regiões de Caquetá e Amazonas, no sul do país. Esse novo acordo representa um passo importante para o início das negociações de paz entre as partes, com a primeira mesa de negociação agendada para o dia 17 deste mês.

O documento que formaliza a retomada do cessar-fogo foi assinado pelos emissários do governo de Gustavo Petro e do chefe do grupo dissidente das Farc, conhecido como Estado-maior Central (EMC), Iván Mordisco. Vale ressaltar que o EMC é formado por rebeldes que rejeitaram o acordo de paz assinado em 2016 entre o governo do então presidente Juan Manuel Santos e as Farc.

No texto, as partes afirmam que resguardam seu legítimo direito de defesa e que continuarão tomando as medidas de segurança necessárias, sempre respeitando o direito internacional humanitário. Além disso, foi acordado que as Nações Unidas, a missão de apoio ao processo de paz da OEA (Organização dos Estados Americanos), a Conferência Episcopal da Colômbia e o Conselho Mundial de Igrejas serão acompanhantes permanentes do diálogo. Também será criada uma comissão para a resolução de contingências, composta por delegados das duas partes.

Os delegados do governo e do grupo dissidente das Farc se reuniram durante vários dias nas montanhas do departamento de Cauca, no sudoeste do país, para discutir a retomada do cessar-fogo. O presidente Gustavo Petro tem buscado uma solução dialogada para o longo conflito armado que assola a Colômbia, por meio de negociações de paz com todos os grupos insurgentes. Ele chamou essa abordagem de “paz total”, uma das principais propostas de sua campanha eleitoral em 2022.

No entanto, o processo tem sido marcado por altos e baixos. Petro declarou um cessar-fogo bilateral com o EMC e outros quatro grupos armados em dezembro, mas logo houve controvérsias sobre se o acordo era unilateral ou bilateral. Além disso, as negociações com o ELN também tiveram seus altos e baixos, com suspensões e retomadas do diálogo.

Apesar dos desafios, a retomada do cessar-fogo entre o governo colombiano e o grupo dissidente das Farc é um avanço significativo rumo a um acordo político que possa acabar definitivamente com as causas do conflito social e armado no país. Resta agora acompanhar os desdobramentos das próximas negociações e esperar por avanços concretos em direção à tão desejada paz na Colômbia.

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