Governo argentino prepara vídeo para se contrapor a atos da esquerda

O governo de Javier Milei está planejando a divulgação de um vídeo nas redes sociais para contra-atacar atos da esquerda que ocorrerão no próximo domingo (24). Essa data marca o aniversário do golpe que levou a Argentina à última ditadura militar, que ocorreu entre 1976 e 1983.

O objetivo do vídeo, de acordo com informações da imprensa local, é apresentar uma visão mais abrangente do período repressivo, destacando as violências cometidas por grupos militantes contrários ao regime na época e retratando a situação como um momento de guerra. A vice-presidente de Milei, Victoria Villarruel, terá um papel de destaque nessa produção, defendendo uma “memória completa” do período.

Tradicionalmente, organizações de direitos humanos e movimentos de esquerda realizam atos para lembrar as vítimas da repressão nessa data, tornando o lançamento do vídeo ainda mais relevante.

O responsável pela produção do vídeo é o produtor Santiago Oría, documentarista do presidente e um dos estrategistas de imagem de Milei. O material contará com depoimentos de ex-integrantes da luta armada contra a ditadura, além de relatos de familiares de vítimas das organizações de esquerda.

Ministro da Defesa nega possibilidade de indulto a militares condenados

Segundo o jornal Clarín, o ministro da Defesa, Luis Petri, descartou a possibilidade de conceder eventuais indultos a militares condenados após o término da ditadura. Milei também negou a hipótese de mudança das penas para prisão domiciliar.

Villarruel, conhecida por suas visões revisionistas sobre a ditadura argentina, já havia feito declarações polêmicas no passado. Em um evento realizado em setembro do ano passado, ela chamou grupos armados contrários ao regime de terroristas e defendeu a indenização das vítimas desses grupos durante o período ditatorial.

Rusgas entre Milei e Villarruel

Milei e Villarruel têm enfrentado recentemente algumas divergências. Em uma entrevista, Villarruel expôs publicamente suas diferenças com o presidente, como discordâncias sobre a utilização das forças armadas no combate ao narcotráfico e tensões com a irmã de Milei, Karina.

A vice-presidente descreveu Karina como uma pessoa de muito caráter e afirmou que Milei frequentemente fica no meio de suas divergências, chamando-o de “pobre jamoncito”. Essas declarações geraram controvérsias, com a ministra da Segurança, Patricia Bullrich, criticando a fala de Villarruel. Milei, por sua vez, afirmou não ter assistido à entrevista e que as declarações não o incomodaram.