Governo Lula veta pedidos de desculpas pelos 60 anos do golpe militar para evitar confronto com militares e Bolsonaro




Artigo sobre os 60 anos do golpe militar

O governo Lula e os 60 anos do golpe militar: pedidos de desculpas vetados

O governo Lula planejava pedidos públicos de desculpas a vítimas da ditadura e outras ações para marcar os 60 anos do golpe militar de 1964. No entanto, esses atos simbólicos foram vetados pelo presidente, numa tentativa de evitar confrontos com os militares diante do avanço das investigações sobre articulação golpista envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro e membros da caserna.

Documentos da campanha elaborada pelo Ministério de Direitos Humanos foram obtidos pela imprensa, revelando a intenção de lançar uma campanha com o slogan “60 anos do golpe 1964-2024 – sem memória não há futuro”. O objetivo era promover ações coordenadas entre o governo e a sociedade civil para lembrar das seis décadas do golpe e realizar atos reparatórios, de reconhecimento e até desculpas públicas a setores da população atingidos pela ditadura militar.

Essa decisão de não realizar os pedidos de desculpas foi controversa, causando mal-estar entre aliados de Lula e membros do partido. Durante um evento, o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, defendeu a posição do presidente, afirmando que era importante evitar manifestações dos militares celebrando o golpe. Já o ex-presidente do PT, Rui Falcão, discordou da decisão de ignorar a data, alertando que apagar a memória poderia levar a repetições de atos golpistas, como os ocorridos em 2023.

O presidente também se pronunciou recentemente sobre o tema, afirmando que não quer “remoer o passado” em relação ao golpe de 1964. Essa declaração gerou críticas de entidades de direitos humanos e da sociedade civil, que defendem a necessidade de discutir o golpe como forma de garantir um futuro democrático. A Coalizão Brasil por Memória, Verdade, Justiça, Reparação e Democracia repudiou a fala de Lula e enfatizou a importância de reafirmar o compromisso de punir golpes no presente e no futuro.

O regime militar no Brasil (1964-1985) é lembrado por sua estrutura dedicada à tortura, mortes e desaparecimento de pessoas. A Comissão Nacional da Verdade identificou 191 mortos e 210 desaparecidos durante o regime, mas estimativas indicam que o número de vítimas pode chegar a 20 mil em casos de tortura. A importância de lembrar e reconhecer esses acontecimentos históricos é fundamental para a consolidação da democracia no país.


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