Greve de fiscais ameaça combate ao desmatamento na Amazônia e afeta controle contra garimpeiros ilegais




A greve dos trabalhadores do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e do Serviço Florestal Brasileiro (SFB) continua a ganhar força. A medida, que exige melhores salários e condições de trabalho, já conta com o apoio de cerca de 5.000 funcionários dessas entidades, segundo fontes internas.

Segundo Suely Araújo, integrante do Observatório do Clima e ex-presidente do Ibama, a quantidade de fiscais disponíveis para atuar em questões ambientais é insuficiente e eles trabalham em condições inadequadas. “O Ibama já teve mais de 1.500 fiscais alguns anos atrás. Hoje tem cerca de 700, mas com condições realmente de ir a campo, de fiscalizar na Amazônia? Não. [Esse número] não chega a 500”, declarou Araújo em entrevista à AFP, ressaltando a urgência das reivindicações dos trabalhadores.

A falta de resposta do governo às demandas dos funcionários preocupa a especialista, que alerta para o possível impacto negativo no combate ao desmatamento na Amazônia. Ela destaca que, embora os números oficiais tenham mostrado uma redução significativa no desmatamento em 2023, essa tendência pode ser revertida se as reivindicações não forem atendidas. “O impacto será sobre o equilíbrio ambiental de uma forma ampla, incluindo a biodiversidade, os recursos hídricos, mas também a questão climática”, lamentou Suely Araújo.

Além disso, a greve dos trabalhadores também impactou as ações de controle contra garimpeiros ilegais no território indígena Yanomami. Essa paralisação tem sido motivo de preocupação tanto para os próprios funcionários quanto para especialistas e ativistas ambientais, que veem nela um obstáculo para a preservação da Amazônia e a proteção dos povos indígenas que lá habitam.



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