Grevistas da USP não chegam a um consenso e paralisação continua após assembleia

Em uma assembleia realizada na noite desta quarta-feira (18) no espaço aberto da Escola Politécnica, os coletivos do movimento estudantil da Universidade de São Paulo (USP) não conseguiram chegar a um consenso e, portanto, a greve iniciada há exatamente um mês pelo déficit de professores continua.

Após a votação ao final do encontro, constatou-se que 388 votos foram pela continuidade da greve, 215 por uma mudança e houve 15 abstenções. Nesta quinta-feira (19), os representantes da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH), unidade da USP Leste, realizarão uma assembleia para apresentar os pontos discutidos nesta quarta na assembleia geral.

Dentre as reivindicações dos grevistas estão a contratação de mais professores, o aumento do auxílio para a permanência estudantil, melhorias estruturais na USP Leste, a promoção de um vestibular indígena e a valorização dos direitos estudantis.

O movimento, que teve início com alunos da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), se expandiu para outras unidades da universidade na cidade de São Paulo, com a ocorrência de piquetes e tentativas de impedir as aulas em algumas delas.

Inicialmente, a reitoria se recusou a negociar com os grevistas, mas, no último dia 4, ela apresentou uma lista de propostas. A principal delas seria a contratação de 148 professores temporários, distribuídos aos cursos mais necessitados até o final deste ano.

As demais propostas da reitoria são a contratação de 1.027 novos professores, reposição automática dos professores exonerados, nenhuma turma será fechada por falta de professores, criação da Comissão de Acesso Indígena, uniformização do fornecimento de refeições nos bandejões, distribuição das bolsas do Programa Unificado de Bolsas (PUB) que ainda não foram concedidas neste ano, reanálise das solicitações negadas do auxílio de permanência estudantil e a construção de um prédio para uma creche na USP Leste.

No último plebiscito homologado, os estudantes da Escola Politécnica da USP votaram pelo fim da greve, sendo os primeiros a deixar a paralisação. Metade dos quase 5.000 estudantes matriculados participaram da votação, na qual 1.214 foram contrários à continuidade da greve, 1.129 foram favoráveis e 71 abstiveram-se.

Três dias depois, 139 docentes da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) divulgaram uma carta pedindo o fim da greve e o retorno das aulas na unidade. Embora reconhecessem o déficit de professores que afeta a universidade, a carta pedia a retomada das aulas o mais brevemente possível.

Em uma assembleia realizada na quarta-feira passada (11), a maioria dos estudantes decidiu manter a paralisação, porém a Escola Politécnica, a FEA e a Faculdade de Direito, na Largo de São Francisco, abandonaram a greve.

Reportagem da Folha de S.Paulo revelou que a USP aumentou o número de estudantes matriculados nas últimas duas décadas, mas não acompanhou o mesmo ritmo na contratação de professores. Dessa forma, a proporção de docente por aluno diminuiu em 28% neste período.

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